Curitiba: Cristina Graeml (PMB) cai nas pesquisas após série de declarações polêmicas

Brasil de Fato

A poucos dias do segundo turno das eleições municipais em Curitiba (PR), a candidata Cristina Graeml (PMB) enfrenta uma queda significativa nas pesquisas e uma série de críticas por declarações polêmicas. De acordo com o levantamento AtlasIntel, divulgado em 21 de outubro, Graeml caiu de 45% para 43% nas intenções de voto, enquanto seu adversário, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), subiu de 49% para 51,4%, ampliando a vantagem.

Outras pesquisas, como a do Instituto Paraná, apontam uma tendência similar, com Pimentel se consolidando em 48,8% contra 41,2% de Graeml. Nos votos válidos, a diferença é ainda mais expressiva, com o vice-prefeito alcançando 54,3%, contra 45,7% da candidata do PMB.

Além disso, uma pesquisa divulgada pela Quaest em 19 de outubro indicou um empate técnico entre os candidatos, com Pimentel aparecendo com 42% das intenções de voto e Graeml com 39%, dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais.

Já o levantamento IRG, também de 19 de outubro, revelou que Pimentel tinha 49% das intenções, enquanto Graeml marcava 40%. Essas oscilações reforçam um cenário desfavorável para Graeml, que, apesar de estar próxima de seu adversário em algumas pesquisas, segue perdendo terreno.

Rejeição

Essas quedas nas intenções de voto têm sido acompanhadas por um aumento na rejeição à sua candidatura. Segundo o Instituto Paraná Pesquisas, Graeml enfrenta uma taxa de rejeição de 43,9%, enquanto Pimentel é rejeitado por 37,1% dos eleitores curitibanos. A rejeição à candidata do PMB é um dos fatores que pode dificultar ainda mais a recuperação nos últimos dias da campanha, especialmente à medida que suas propostas e declarações seguem sendo criticadas.

Entre a proposta mais polêmica de Graeml está a de cobrar a tarifa de transporte público por quilômetro rodado. A candidata defendeu a medida como uma forma de tornar o sistema de transporte mais justo, mas a ideia gerou forte reação de prefeitos da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que a criticaram por ameaçar a integração entre a capital e os municípios vizinhos.

A nota de repúdio, assinada por 21 prefeitos paranaenses, incluindo Rafael Greca (Curitiba), Helder Lazarotto (Colombo), Margarida Singer (São José dos Pinhais) e Maurício Rivabem (Campo Largo), destacou que a proposta de Graeml “deixa nossa população com enorme risco de perder a integração do transporte hoje existente” e representa um retrocesso nas políticas de mobilidade. O documento enfatiza que o sistema de transporte coletivo integrado beneficia cerca de 3,7 milhões de pessoas na RMC, e qualquer mudança drástica poderia prejudicar milhares de usuários.

Outra proposta polêmica de Graeml é a cobrança por serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) para moradores da RMC. A candidata argumentou que os serviços de saúde de Curitiba são financiados pelos impostos da população local e que, portanto, os moradores de outras cidades deveriam pagar pelos atendimentos na capital. Essa proposta também foi rechaçada pelos prefeitos da região metropolitana, que lembraram que o SUS é financiado de forma tripartite, com recursos federais, estaduais e municipais, e que o atendimento é universal.

O grupo de prefeitos declarou que a proposta de Graeml demonstra “desconhecimento sobre o sistema de saúde” e pode trazer um impacto negativo para a região. A nota afirma que essa divisão territorial no SUS é inviável e que o sistema funciona com base na cooperação entre os municípios, estados e a União, sendo essencial para garantir o acesso à saúde de forma equitativa.

Além das propostas controversas, Graeml também foi alvo de críticas por sua proximidade com o jornalista José Carlos Bernardi, conhecido por declarações antissemitas. Bernardi, que já afirmou que o Brasil poderia enriquecer “se matasse um monte de judeus”, tem atuado como uma figura chave na organização de mobilizações de apoio à candidata. A parceria tem gerado indignação entre eleitores e grupos sociais, especialmente em um momento de tensão internacional envolvendo o conflito entre Israel e Palestina.

Outra polêmica que envolve a candidatura de Graeml diz respeito à sua proposta de criar um “instituto pró-vida” para incentivar a doação de bebês por mulheres em situação de vulnerabilidade. Em uma entrevista à RPC, a candidata sugeriu que o município poderia acolher essas mulheres e oferecer apoio psicológico e legal para que pudessem doar seus filhos. A fala gerou repúdio de 13 entidades da sociedade civil, como o Movimento Nacional da População em Situação de Rua, a Marcha Mundial das Mulheres e o Grupo Dignidade.

Essas entidades compararam a proposta à prática da “Roda dos Expostos”, comum no Brasil Colônia (1532–1815), quando bebês eram abandonados em conventos ou casas de misericórdia. Em nota, as organizações afirmaram que a ideia de Graeml revela um profundo desconhecimento da realidade das mulheres em situação de vulnerabilidade e uma falta de sensibilidade em relação aos direitos das mães e crianças.

As sucessivas polêmicas envolvendo a candidata têm contribuído para o aumento de sua rejeição e para a perda de apoio, especialmente entre eleitores indecisos. A poucos dias do segundo turno, o cenário se mostra desafiador para Graeml, que terá de reverter essa tendência de queda nas pesquisas e enfrentar as consequências de suas propostas e declarações. Enquanto isso, Eduardo Pimentel segue ampliando sua vantagem, mantendo a liderança e se aproximando de uma possível vitória no próximo domingo.

Da Redação