Artes marciais transformam a vida de crianças e adolescentes do Morro do Cavalão, em Niterói (RJ)

Brasil de Fato

Um projeto social na cidade de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, tem transformado a vida de crianças e adolescentes da periferia a partir das artes marciais, solidariedade e inclusão social. 

A Escola Popular Mangangá, localizada no Morro do Cavalão, na zona sul do município, surgiu em 2021 originalmente como Escola Popular de Boxe. A iniciativa foi uma forma encontrada pelas idealizadoras de enfrentar o aumento da desigualdade social ocasionado pela pandemia de covid-19. De acordo com uma das fundadoras do projeto, a boxeadora Mayara Gomes, a escola foi impulsionada pela ideia de que o esporte pode ser uma importante ferramenta de transformação social e formação cidadã. 

“Pensamos em criar um espaço educacional e uma ferramenta de transformação social, tendo a solidariedade como sua força motriz. Assim, em 2021, uma amiga, inspirada na minha dedicação aos treinos de boxe, e compartilhando das mesmas convicções da necessidade de construção de mecanismos de inclusão social, fundou, juntamente comigo, na laje da sua casa no [Morro do] Cavalão, a Escoa Popular de Boxe, onde inicialmente formamos duas turmas: uma para crianças e adolescentes e outra exclusiva para mulheres”, explica.

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Ao longo de três anos, cerca de 250 crianças e adolescentes já passaram pelo projeto. A iniciativa que começou com o boxe, expandiu as suas atividades e hoje também fornece aulas de taekwondo para crianças a partir dos cinco anos, cursos profissionalizantes para adolescentes e adultos e atividades como horta comunitária e biblioteca popular. 

“Ao longo desses anos, desenvolvemos uma variedade de atividades pedagógicas e esportivas voltadas não só para as crianças do projeto, mas envolvendo também as suas famílias, como visita ao Planetário da Gávea; oficinas de dança regional; batalha do ringue, que é o nossa batalha de MC’s; a construção de uma biblioteca popular, nossa Biblioteca Oswaldão; e a criação e o fomento do Comitê Popular de Combate à Fome, que impulsiona a Horta Comunitária do Cavalão e já realizou centenas de doações de cestas básicas para comunidade”, detalha Gomes. 

Reconhecimento no esporte

Embora a Escola Popular Mangangá tenha apenas três anos de existência, os atletas já demonstram potencial em competições. A equipe do projeto integra a Associação Niterói de Boxe, que é vinculada à Federação Estadual de Boxe do Rio de Janeiro (FEBERJ), e já participou de campeonatos pelo país. 

Em 2022, o atleta Lincon Reis, na época com 14 anos, conquistou a medalha de prata no Campeonato Baino de Boxe Infantil e a medalha de bronze na seletiva para o Campeonato Brasileiro de Boxe. O jovem, com talento promissor, entrou na aula da arte marcial logo no início do projeto. Atualmente, ele não faz mais parte da equipe, pois sua família mudou de cidade. 


O atleta Lincon Reis e a fundadora do projeto Mayara Gomes / Foto: divulgação

Desafio

Segundo a fundadora do projeto, um dos principais desafios atualmente é a manutenção das atividades. A Escola Popular Mangangá não conta com nenhum apoio público ou privado. De acordo com Gomes, o projeto funciona a partir de doações e o aluguel do espaço atual é pago pela própria idealizadora. “Nosso sonho é ter um espaço próprio e com os recursos adequados para expandir essa iniciativa vitoriosa na cidade de Niterói”, ressalta a boxeadora de 35 anos.

A Escola Popular Mangangá está localizada na rua Carminho Lobo, sem número, no Baú – Morro do Cavalão. Os interessados em conhecer mais sobre o projeto podem acessar o Instagram da escola.

Da Redação