Visita de Macron termina sem avanço no acordo Mercosul com União Europeia, criticado por organizações populares

Brasil de Fato

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia, foi um dos temas que permearam as conversas entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega francês, Emmanuel Macron. Os presidentes porém, não chegaram a nenhum entendimento sobre a proposta defendida pelo Brasil, que tem o presidente francês como seu principal crítico na Europa.

Em visita a São Paulo (SP) nesta quarta-feira (27), Macron classificou o acordo como “péssimo” e defendeu que ele “precisa ser renegociado do zero”. “Deixemos de lado um acordo de 20 anos atrás e construamos um novo acordo, mais responsável, prevendo questões como o clima e a reciprocidade”. 

A cientista política e analista internacional Ana Prestes avalia que “por parte do Brasil há o interesse de firmar o acordo, houve uma decepção da diplomacia brasileira em não ter anunciado esse acordo no ano anterior, quando o país sediou o Mercosul. Mas é difícil, porque o governo Macron está pautado pela dinâmica interna dos produtores franceses e é difícil que destrave essa pauta.”

“DNA do Bolsonaro”

Reunidos em Brasília entre os dias 17 e 19 de março, movimentos sociais do campo, águas e florestas, articulados na Via Campesina Brasil, repudiaram o acordo em um comunicado em que pedem a Lula  que “escute o clamor dos povos do campo, águas e florestas e coloque fim às negociações em curso e dê espaço a construção de um projeto popular de desenvolvimento nacional para o Brasil”.

“O acordo em pauta representa um retrocesso para o Brasil e para os países do Mercosul no âmbito do desenvolvimento socioeconômico, bem como um ataque frontal à soberania dos nossos países”, destaca o comunicado.

Os movimentos populares destacam que o acordo foi “foi rechaçado há mais de 20 anos” e o texto atual, retomado em 2019, representa “o DNA bolsonarista na sua essência sem nenhum compromisso com o desenvolvimento do nosso país.”
 
“O acordo assume caraterísticas neocoloniais na sua concepção e ameaça, em seus termos, nossos  povos e territórios, ameaça a agricultura camponesa, as comunidades tradicionais e entrega nossos bens comuns aos interesses do capital internacional, consolidando assim o caráter agroexportador da nossa economia, que é basicamente continuar exportando matéria prima para abastecer as demandas dos países europeus em troca dos produtos industrializados.”
 
A desregulamentação dos mercados, os acordos de livre comércio e, em particular a negociação do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul são as principais causas da grave crise enfrentada pelos agricultores europeus na avaliação da Via Campesina.

Da Redação