Na COP16, Colômbia sugere rede de organizações e Brasil desenha plano para cumprir metas de proteção ao meio ambiente

Brasil de Fato

O segundo dia da COP16, nesta terça-feira (22), foi marcado pela apresentação de planos e ideias para fortalecer ações de proteção ao meio ambiente. O país-sede do evento, a Colômbia, sugeriu a criação de uma “Rede Mundial de Organizações e Povos do Mundo”. Além disso, o presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou que os governos falharam até agora nas ações para conter a crise climática porque não implementam instrumentos financeiros para enfrentar as mudanças do clima. 

“Quando levantamos a proposta de mudar a dívida externa da Colômbia para a ação climática e investir os nossos recursos públicos, que vão para os fundos de pensões dos ricos em Nova Iorque ou para os bancos globais, quando dissemos que queremos nos dedicar a cuidar para plantar a selva amazônica em benefício de toda a humanidade ou para cuidar dessa selva do Pacífico e cuidar de seus rios para que o campesinato possa viver melhor sem ter que derrubar a árvore, eles nos respondem que não”, disse.

Ainda de acordo com ele, é preciso uma mobilização permanente para que as ações sejam efetivas. Uma delas seria uma articulação de diferentes organizações. 

No mesmo dia, a mesa “Conectividade no Pacífico Oriental: patrimônio da região, benefício para o mundo” reforçou o discurso de Petro ao discutir uma articulação entre os diferentes países que atinja uma “conectividade ecológica” na região do Pacífico Oriental. A região engloba os países que têm o Oceano Pacífico em sua costa. Para Cristian Martis, da Comissão Permanente do Pacífico Sul, uma política comum para proteger a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável dos países do Pacífico é fundamental.

“Temos esta nova coligação, que nos vai trazer oportunidades de conectividade. Um sistema do Pacífico de ordem socioecológica, onde cada uma das suas atividades é composta por um sistema que transforma cada país em particular, têm visões muito dinâmicas em relação à sua economia, como a educação se move, como a cultura se move”, afirmou.

Brasil começa a desenhar plano

O Ministério do Meio Ambiente publicou durante a Conferência a ideia do que seria um plano para atingir os 4 objetivos e as 23 metas definidas na última COP, que foi chamado de Marco Global de Biodiversidade Kunming Montreal. O documento assinado na COP15 estabeleceu como foco principal a proteção de ao menos 30% dos ecossistemas terrestres e aquáticos até 2030. 

Segundo levantamento do InfoAmazonia, o Brasil e ao menos outros 162 países estão atrasados na entrega do que está sendo feito. Agora, o ministério apresentou o começo dos trabalhos para criar as Estratégias e Planos de Ação Nacional de Biodiversidade (NBSAP).

No documento, o governo brasileiro apresenta projetos que já estão em andamento como o Projeto Estratégia Nacional para a Conservação de Espécies Ameaçadas e o Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas. O ministério também indica os seis projetos que vão se iniciar em 2025 com a coordenação da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais (SBIO). 

Entre eles está o Projeto Áreas Protegidas da Caatinga e o Paisagens Sustentáveis da Amazônia, para proteger os diferentes biomas. Os novos projetos, somados, terão investimento total de 72,8 milhões de dólares (R$ 414 milhões, aproximadamente). Os projetos que estão em execução recebem investimento de quase US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões, aproximadamente).

ONU pede investimento em agricultura familiar

O Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) da ONU pediu durante o evento que os governos criem políticas e invistam em programas voltados à agricultura familiar. Segundo a agência, a pequena produção é fundamental para a biodiversidade e para a produção de alimentos saudáveis. 

De acordo com o especialista em alterações climáticas e ambientais para a América Latina e Caribe do FIDA, Oliver Page, é preciso transformar a forma como são produzidos os alimentos para conseguir encaminhar o combate às mudanças climáticas. 

“Abordar esta situação requer a transformação dos sistemas agroalimentares para se tornarem mais sustentáveis e favoráveis à biodiversidade, e esta transformação inclui a adoção de práticas agroecológicas e a promoção da agrobiodiversidade”, afirmou

De acordo com o FIDA, os pequenos agricultores recebem 5,5 bilhões de dólares (R$ 31 bilhões) para projetos voltados a adaptação da produção familiar em um contexto de agravamento da crise climática. De acordo com a agência, esse valor representa “menos de 1% do financiamento global da luta contra as alterações climáticas”.

Ainda segundo a agência, seriam necessários entre 330 e 400 bilhões de dólares para que a agricultura familiar seja impulsionada em escala global para transformar a forma de produção dos alimentos. 

A COP16 é a Conferência das Partes organizada pela ONU com foco na biodiversidade. Participam desse evento os países que são signatários da Convenção da Biodiversidade. A diferença com a COP das Mudanças Climáticas, bem mais conhecida, é que nessa última participam os países signatários do acordo de mudanças climáticas da ONU.

A COP16 recebe 23 mil delegados de mais de 190 países, a maior participação para o evento. 

Da Redação