Candidato de Caiado, Sandro Mabel vence bolsonarista Fred Rodrigues e será prefeito de Goiânia

Brasil de Fato

O ex-deputado e candidato mais rico do Brasil, Sandro Mabel, será o novo prefeito de Goiânia. Com 94,2% das urnas da capital de Goiás apuradas, Mabel obteve 55,51% dos votos, contra 44,49% do candidato do PL Fred Rodrigues.

Primeiro turno

O resultado representa uma virada em reação ao primeiro turno, que foi vencido pelo bolsonarista Fred Rodrigues, com 31,14% dos votos, contra 27,66% de Mabel.

Contrariando boa parte das pesquisas – e a advogada e deputada federal Adriana Accorsi (PT), ficou de fora do segundo turno. Ela somou, 24,44% dos votos.

Em seguida, aparecem Matheus Ribeiro (PSDB), com 6,81%, Vanderlan Cardoso (PSD), com 6,57%; Rogério (Solidariedade), com 3,14%; e Professor Pantaleão (UP), com 0,04%.

Enquanto Ronaldo Caiado aposta em Mabel, Jair Bolsonaro (PL) é o responsável pela candidatura de Fred Rodrigues, do mesmo partido que o padrinho.

Candidato mais rico do Brasil

Nascido em Ribeirão Preto, São Paulo, Sandro Mabel, de 65 anos, é empresário e atuou como deputado estadual por um mandato (1991-1994) e como deputado federal por outros quatro (1995-1998 e 2003-2015). É o atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

Com patrimônio declarado de R$ 313 milhões, Sandro Mabel é o candidato mais rico a disputar a prefeitura de uma capital brasileira. Foi sócio-proprietário da empresa de bolachas Mabel, fundada por sua família em 1953, cinco anos antes de seu nascimento. A empresa foi vendida em 2011 para a PepsiCo. Entre os bens que Sandro declarou em 2024 para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está uma casa avaliada em R$ 11,7 milhões, um helicóptero de R$ 3,1 milhões, diversos apartamentos, inúmeras terras e ações em empresas. 

O empresário, que hoje é candidato pelo União Brasil, já foi filiado ao PMDB (que se tornou MDB), PFL (que mudou de nome para DEM), Republicanos e PL. Mabel também foi assessor especial da presidência da República, quando o presidente era Michel Temer (MDB), que assumiu após o golpe que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2016.

Bolsonaro, Ronaldo Caiado e a Presidência da República

Até meados de 2024, Caiado estava convencido a seguir o nome bolsonarista na corrida eleitoral pela Prefeitura de Goiânia, que seria o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), parlamentar de extrema direita com vínculos estreitos com Bolsonaro e que liderava todas as pesquisas de intenções de voto pelo governo local.

No dia 19 de junho deste ano, Gayer anunciou a retirada de sua candidatura, atendendo à ordem de Bolsonaro, que o considera fundamental para a extrema direita dentro do Congresso Nacional. Além disso, os bolsonaristas pensam em voos maiores para o deputado federal em 2026, como o Senado Federal ou o governo de Goiás.

Em seu lugar, Bolsonaro lançou Fred Rodrigues, ex-deputado estadual eleito em 2022, mas que teve seu mandato cassado por não apresentar prestação de contas de sua campanha em 2020, quando disputou a vaga de vereador em Goiânia. Um mês depois, em 15 de julho, Caiado anunciou a candidatura do empresário Sandro Mabel à Prefeitura da capital goiana.

Desde o princípio, Mabel figurou entre os três candidatos mais competitivos, alternando a liderança com Adriana Accorsi (PT) e Vanderlan Cardoso (PSD). Já Rodrigues sempre esteve atrás.

Para Pedro Célio Borges, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), “os bolsonaristas têm Goiânia como um quintal garantido do ponto de vista ideológico e eles têm toda a pretensão de transformar isso em voto”.

Por outro lado, analisa Borges, “o Caiado não tinha candidato e a ideia era que ele apoiasse o candidato da direita. Mas o Caiado saiu do roteiro porque tem pretensões de ser candidato à Presidência. Para isso, buscou um candidato próprio para mostrar força em casa. Caiado não combina com o bolsonarismo e esse jeito moleque de fazer política.”

A vitória nas urnas em Goiânia se tornou fundamental para as pretensões do governado de Goiás, que precisa provar que consegue vencer Bolsonaro dentro de sua casa, antes de pedir seu apoio para 2026.

Da Redação