‘Não serei a última’, diz Célia Xakriabá, primeira mulher indígena doutora pela UFMG
Brasil de Fato
Pela primeira vez na história, uma mulher indígena se tornou doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) defendeu a tese Ancestraliterra – Sabedoria indígena na política e na universidade, que propõe uma integração entre os saberes tradicionais dos povos indígenas e o conhecimento acadêmico.
O trabalho de Célia, apresentado no departamento de antropologia da instituição, valoriza o conhecimento ancestral, a partir de uma visão de território que transcende a geografia, com o conceito de que “o corpo é território e o território é corpo”. Além disso, a deputada apresenta a ideia de “mulheres-semente”, que são as pioneiras na produção de conhecimento, como as benzedeiras e as parteiras.
O trabalho da mais recente doutora valoriza os saberes tradicionais e científico, mostrando que as duas formas de conhecimento não são antagônicas e podem caminhar juntas. Para isso, ela usa a academia para defender o território e a cultura indígenas, a partir de um olhar de pertencimento, e não apenas de observação.
Como não poderia deixar de ser, a política também está presente no trabalho da parlamentar, que destaca suas origens no Cerrado, onde o pequi, fruto considerado o “ouro do Cerrado”, simboliza o respeito e o cuidado com a natureza, em contraste com a exploração predatória dos recursos naturais. Ela perpassa a sua luta dentro do território e por acesso a espaços representativos, como a universidade e a política partidária.
Célia ainda destaca a importância da sua produção acadêmica e de sua presença no espaço de produção de conhecimento científico como a inauguração de um novo possível para os povos indígenas.
“Eu sou a primeira, mas não serei a última”, enfatiza.
A tese de Célia ainda não está disponível ao público.