Caso Marielle: começa o segundo dia de julgamento; leitura da sentença está prevista para esta quinta (31)
Brasil de Fato
O segundo dia de julgamento dos réus confessos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes começa nesta quinta-feira (31) no 4º Tribunal do Júri, localizado na região central do Rio de Janeiro (RJ).
Ontem, quarta-feira (30), os familiares das vítimas relembraram em seus depoimentos os momentos que antecederam e sucederam a execução da vereadora e de seu motorista. Em seguida, os ex-policiais militares descreveram o planejamento do crime. Após o depoimento dos réus, os jurados decidiram encerrar a sessão, que tinha previsão de retomada para as 8h desta quinta-feira.
O segundo dia começa com as alegações finais, nas quais as partes de acusação e defesa expõem seus argumentos perante os sete jurados. O Ministério Público deve pedir a condenação de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz a 84 anos de prisão cada, pelos crimes de duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação.
Logo após, os advogados dos réus apresentarão a defesa, podendo ocorrer réplica e tréplica entre as partes, sendo sempre a defesa a última a se manifestar. Ao final, o júri popular se reunirá para decidir se Ronnie e Élcio serão condenados. Caso a decisão seja pela condenação, a pena será determinada pelo juiz.
Primeiro dia
O primeiro dia de julgamento contou com depoimentos de familiares e pessoas próximas a Marielle e Anderson, que falaram sobre os momentos anteriores e posteriores ao crime. Fernanda Chaves, assessora e única sobrevivente do ataque, relembrou a noite da execução.
“Eu estava muito ensanguentada, muito suja de sangue, e comecei a pedir ajuda, a gritar por socorro: ‘Ajuda, ajuda. Liga para uma ambulância’. Algumas pessoas se aproximaram, incluindo uma mulher que ofereceu ajuda. Vi uma mulher atravessando a rua com um bebê no colo”, disse Chaves.
Essas lembranças são difíceis e confusas porque eu não enxergava direito. Meu corpo inteiro ardia. Eu não tinha certeza se tinha sido atingida. Eu olhava para Marielle lá dentro e queria acreditar que ela estava viva. Imaginei que pudesse estar desmaiada. Como eu saí tão inteira dali, não queria admitir que ela pudesse estar morta”, relatou.
Posteriormente, durante duas horas e dezoito minutos, Ronnie Lessa detalhou o plano para executar Marielle Franco e Anderson Gomes em 14 de março de 2018.
Segundo Lessa, a primeira conversa sobre o assassinato ocorreu no final de 2017, e a motivação seria a atuação da vereadora em loteamentos de terrenos no bairro do Tanque, na zona oeste do Rio, controlados por milicianos. Lessa efetuou 13 disparos de metralhadora em direção ao carro de Marielle, cinco dos quais a atingiram.
Élcio Queiroz, por sua vez, dirigiu o Cobalt prata usado no crime. Em seu depoimento, iniciado pouco depois das 22h, afirmou que sugeriu a Lessa que confessassem os crimes, mas que havia desconfiança em relação à Delegacia de Homicídios, então comandada por Rivaldo Barbosa. O ex-chefe da Polícia Civil, atualmente preso, é réu no caso, acusado de ser um dos autores intelectuais do crime e de obstruir as investigações.