Corrida à presidência da Câmara: Hugo Motta cresce e já contabiliza apoio de oito siglas
Brasil de Fato
Faltando três meses para a eleição que deverá escolher o sucessor de Arthur Lira (PP-AL) no comando da Câmara dos Deputados, diferentes siglas já se pronunciaram publicamente sobre quem deverão apoiar no jogo, o que fez com que a disputa ganhasse velocidade ao longo desta semana. Como resultado do avanço das costuras pós-eleição, os partidos PT, MDB, Podemos, PL, PP, PV e PCdoB anunciaram apoio para o deputado Hugo Motta (PB), líder do Republicanos, que já conta também com o apoio oficial de sua própria legenda.
A oficialização das parcerias foi confirmada no espaço de dois dias após o lançamento oficial da candidatura de Motta. Em virtude do tamanho de cada uma das bancadas com apoio já manifestado, o arco de aliança em torno do líder do Republicanos envolve 324 votos. Apesar disso, o voto é secreto, por isso é comum que o jogo conte com eventuais traições. Para que um candidato vença a disputa, o regimento da Casa exige 257 votos.
Uma das últimas legendas a se manifestar publicamente a favor de Hugo Motta, o PCdoB tende a render sete votos para o deputado. A legenda anunciou o apoio formalmente nesta quinta (31), após reunião com o candidato na noite de quarta (30). “Ao longo desse processo, fizemos um percurso de diálogos e estabelecemos desde o início uma premissa fundamental: que a nossa bancada buscaria apoiar, colaborar com a mais ampla convergência aqui na Casa, [de forma] sintonizada com a governabilidade do governo Lula, com o programa que o presidente Lula implementa no país e que precisa e tem tido um apoio importante do Congresso Nacional, inclusive da Câmara dos Deputados,” afirmou o deputado Márcio Jerry (MA), ao falar com a imprensa em nome do PCdoB.
Jerry disse acreditar que a frente em torno do nome de Hugo Motta cresça até o começo do ano. “Podemos construir um processo até fevereiro de mais fortalecimento de uma governança que assegure a necessária governabilidade ao país, a defesa da democracia e o funcionamento pleno da Câmara. Como teremos uma interrupção [dos trabalhos da Câmara] na próxima semana, decidimos antecipar nossa posição para hoje, para que a gente possa se integrar nesse esforço”, emendou. O partido integra a Federação Brasil da Esperança, que agrega ainda PT e PV.
Em conversa com jornalistas nesta quinta, o deputado Luciano Amaral (PV-AL) disse que a bancada do PV, formada por cinco componentes, estará alinhada a um eventual mandado de Motta, caso o parlamentar seja vitorioso na eleição. “Ele conta conosco na eleição, contará conosco durante o mandato e conta com o PV para todas as necessidades de sempre avançar”, disse Amaral.
Na mesma ocasião, Hugo Motta disse que, se eleito, buscará promover o diálogo com as diferentes bancadas para lidar com o que chamou de “Brasil dividido e radicalizado”.
Desde o começo da semana, o líder do Republicanos conta com o apoio oficial de Arthur Lira, que, além de presidente da Casa, é uma das principais lideranças do centrão.
“A candidatura vem se consolidando com o importante apoio do presidente Arthur Lira, que nos confiou esta missão de representar o seu processo de sucessão, e nós temos dito sempre que a marca da nossa campanha é o diálogo”, disse Motta à imprensa. Os demais partidos ainda não se manifestaram formalmente sobre qual candidato deverão apoiar.
Outros
Hugo Motta tem agora o objetivo de convencer os demais candidatos a desistirem da disputa para se somarem à chapa. A corrida conta ainda com os deputados Antônio Brito (BA), líder do PSD, e Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Casa. Nos bastidores, há expectativa de que ambos desistam e integrem o arco de alianças de Motta. Nesta quinta (31), Nascimento disse que se mantém como candidato, mas indicou que a sigla abrirá uma negociação com o líder do Republicanos. Além de Elmar Nascimento, participam das tratativas o presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, e o vice, ACM Neto.
“Recebi hoje pela manhã uma ligação do Hugo Motta pedindo diálogo e nossa bancada deliberou que o diálogo é sempre salutar. Vamos ouvi-lo, como também Antonio Brito, com quem fizemos um pacto de apoio recíproco para o segundo turno”, disse Nascimento após uma das reuniões.