Apesar de lucros altos, bancos fazem ‘choradeira geral’ em negociação com trabalhadores, diz sindicalista
Brasil de Fato
O Comando Nacional dos Bancários fez, nesta quarta-feira (7), a sexta reunião com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para negociar cláusulas econômicas, como o reajuste salarial de 2024 para a categoria. Além de cobrarem aumento real de 5% acima da inflação, os trabalhadores reivindicam uma melhoria na Participação de Lucros e Resultados (PLR) e nos benefícios de vale-alimentação e refeição.
“Já somamos mais de 22 horas de debates em todas as mesas que a gente apresentou e definiu nossas propostas. A categoria apontou, numa consulta que fizemos com 47 mil trabalhadores em todo o Brasil, que essas são as prioridades para eles”, explica Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional.
A representante falou sobre a tentativa de negociação com o jornal Central do Brasil nesta quinta-feira (8).
“[Para] 93% dos trabalhadores, a prioridade é o aumento real; 63% apontam que a participação nos lucros é a prioridade nessa campanha. E a questão dos vales é [também] muito importante para a categoria.”
Nas demais pautas em discussão neste ano, os bancários cobram igualdade salarial entre homens e mulheres, mais contratação de Pessoas com Deficiência (PCDs) e de pessoas trans. “É uma pauta que tem na nossa categoria, uma pauta nova, [além daquelas] da saúde, da segurança aos trabalhadores”, diz Neiva.
Para a presidenta do sindicato, a reação dos bancos diante das demandas foi inesperada.
“Nós fomos surpreendidos com uma choradeira geral dos bancos dizendo quanto eles gastavam com o nosso acordo coletivo em âmbito nacional. Falaram da concorrência do setor, fizeram uma choradeira lá e não apresentaram nem um índice. Os bancos lucraram muito nos últimos 10 anos e vêm lucrando cada vez mais. Só no último ano, tiveram uma rentabilidade média de 15% acima da inflação, que é três vezes a inflação. E eles acham que essa rentabilidade ainda é baixa”, critica a sindicalista, lembrando dos bons resultados.
No primeiro trimestre de 2024, os resultados seguem bastante positivos. O lucro dos cinco maiores bancos brasileiros (Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa) cresceu 15,2%: foram mais de R$ 29,1 bilhões no total.
Em razão da hesitação da Fenaban em negociar com os bancários, a categoria já anunciou que vai intensificar a mobilização na próxima semana.
“A gente já saiu dessa negociação ontem [quarta-feira, 7 de julho], chamando um dia de mobilização no dia 12 [de junho, segunda-feira], para conversar com os trabalhadores sobre todas as propostas que a gente colocou e estamos aguardando as devolutivas. Deixamos claro que nós não vamos aceitar nenhum direito a menos.”
“Na próxima reunião, no dia 13 de agosto, nós queremos uma proposta completa que traga já os índices em cima da nossa remuneração total, que traga as devolutivas”, conclui.
A entrevista completa, feita pela apresentadora Luana Ibelli, está disponível na edição desta quinta-feira (8) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
E tem mais!
Tibete
Moradores da Região Autônoma de Xizang (Tibete) avaliam positivamente as políticas do governo central chinês para a região, indo na contramão das acusações feitas pelos Estados Unidos.
PL do Estupro
Com a volta dos trabalhos na Câmara na próxima semana, retorna à pauta o projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. Apelidado de “PL do Estupro”, o projeto tem sido criticado também por vozes religiosas.
O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, sempre às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.