Ataques israelenses no Líbano já mataram 558 pessoas, incluindo 40 crianças
Brasil de Fato
Ao menos 558 pessoas foram mortas em ataques de Israel contra o Líbano, incluindo 50 crianças e 94 mulheres, segundo balanço atualizado divulgado nesta terça-feira (24) pelo Ministério da Saúde libanês. A entidade disse ainda que os bombardeios israelenses deixaram 1.835 feridos.
Dezenas de milhares de libaneses já fugiram das áreas bombardeadas desde segunda-feira, segundo a ONU, e seguiram para Sidon, a maior cidade do sul do país, ou a capital, Beirute. Nesta terça-feira, vários carros permaneciam bloqueados na rodovia que leva à capital.
Quase 500 pessoas fugiram para a Síria vindas do Líbano, segundo fontes da AFP. Os deslocados atravessaram a fronteira nos postos de Al Qusayr e Debusiya.
“Foi um dia de terror”, declarou à AFP Thuraya Harb, uma libanesa de 41 anos refugiada nas imediações de Beirute, após uma viagem de oito horas a partir do sul. “Eu não queria partir, mas as crianças estavam com medo e saímos, com a roupa do corpo apenas”, acrescentou.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um “plano de destruição” contra seu país, onde as escolas permanecerão fechadas nesta terça-feira.
Novos bombardeios
Nesta terça, as tropas israelenses voltaram a bombardear “dezenas de alvos do Hezbollah em diversas áreas no sul do Líbano”, incluindo infraestruturas e depósitos de armas do movimento, informou um comunicado militar.
O Hezbollah lançou mísseis Fadi 2 contra Israel e atingiu posições militares perto de Haifa, no norte de Israel, incluindo uma “fábrica de explosivos” a 60 km da fronteira libanesa, assim como a cidade de Kiryat Shmona.
“Em defesa do Líbano e do seu povo”, o Hezbollah atacou “a base de Dado” perto de Safed, quartel-general do comando norte do Exército israelense, com um total de 90 foguetes, informou o grupo apoiado pelo Irã em dois comunicados.
“O Líbano está à beira do abismo”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta terça-feira (24), na abertura da Assembleia Geral da ONU, afirmando temer que o país se torne “outra Gaza”.
“O povo libanês, o povo israelense e os povos do mundo não podem permitir que o Líbano se torne outra Gaza”, disse antes de instar a comunidade internacional a “mobilizar-se para um cessar-fogo imediato e a libertação incondicional de todos os reféns” israelenses detidos pelo Hamas.
“Gaza é um pesadelo permanente que ameaça arrastar toda a região para o caos, começando pelo Líbano”, insistiu ante os mandatários e representantes dos 193 países da ONU.
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva classificou os ataques de Israel em Gaza e na Cisjordânia, como “um dos maiores crimes humanitários da história recente”, que se “expande perigosamente para o Líbano”.
“O que começou com uma ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes tornou se uma punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou se no direito de vingança que impede um acordo para liberação de reféns e adia o cessar fogo”, disse Lula.
Em seu discurso após a fala de Lula, o presidente estadunidense, Joe Biden, alertou, nesta terça-feira (24), sobre o perigo de uma “guerra em grande escala” no Líbano.
“Uma guerra em grande escala não beneficia ninguém. Embora a situação tenha se agravado, ainda é possível uma solução diplomática”, afirmou Biden na sede da ONU em Nova York.