Síndrome de Estocolmo comprova sua eficiência nas áreas de enchentes de Porto Alegre (RS)

Brasil de Fato

Os moradores dos bairros do 4º Distrito de Porto Alegre (RS), Humaitá e Sarandi, os mais afetados pelas enchentes de maio, com prejuízos gigantescos, alagamentos estupendos, faltas de água e luz e milhares de problemas, vão ter que aprender a nadar. Ali, o atual prefeito e candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), venceu com folga, deixando os oponentes sem barco para atravessar o rio Guaíba. Na campanha eleitoral e na visão de especialistas, a região foi severamente castigada pelas águas pela omissão da prefeitura em fazer um trabalho competente nas comportas, diques e casas de bomba.

A grande maioria dos moradores, que preferiu Melo no primeiro turno ao invés de outros candidatos, talvez sofra da Síndrome de Estocolmo, me disse hoje um psicólogo, que preferiu não se identificar já que possui cargo público e não quer se indispor com ninguém. Ao menos no momento. 

A tal síndrome é um fenômeno psicológico que ocorre quando uma vítima de violência ou abuso cria uma ligação emocional com o seu agressor. A pessoa pode desenvolver sentimentos de simpatia, empatia ou até mesmo amor por quem a agrediu. Foi o que fizeram com Melo. Ele não fez as obras que devia nesta imensa região e recebeu votos como se fosse o salvador da pátria. “Que coisa, com três exclamações!!!”, ressaltou ele. 

A síndrome de Estocolmo recebeu esse nome devido a um incidente ocorrido em 1973, em Estocolmo, na Suécia. Na ocasião, bandidos invadiram um banco e fizeram reféns por vários dias. Os reféns desenvolveram sentimentos de empatia e lealdade pelos sequestradores e os defenderam ao saírem. 

A síndrome de Estocolmo não é uma doença nem um distúrbio, mas é um estado psicológico singular. O tratamento é feito por meio de psicoterapia, que ajuda a aliviar os sintomas e a desenvolver mecanismos de enfrentamento saudáveis. É o que talvez muita gente necessite fazer neste momento. Por que votar em quem lhe causou tantos pesadelos se havia outras alternativas? 

O Centro Histórico, também castigado nas enchentes, teve briga parelha, mas, assim mesmo, Melo foi considerado mais relevante pelos eleitores e recebeu melhor votação. No extremo sul da cidade, Melo também venceu. Paciência. O pessoal vai ter que aprender a nadar na próxima enchente. Mas, enfim, o atual prefeito, venceu nas 10 zonas eleitorais da cidade nessa primeira etapa do pleito.

O emedebista recebeu 345.420 votos (49,72%) e disputará o segundo turno, no dia 27 de outubro, contra Maria do Rosário (PT), que teve 182.553 (26,28%). O número de abstenções — 345.544 — é ligeiramente superior ao total de votos registrados para o candidato que liderou a disputa ao Executivo municipal — 345.420.

* Eugênio Bortolon é jornalista.

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


Da Redação