Em busca do cessar-fogo no Líbano, Hezbollah aceita tirar tropas da fronteira com Israel
Brasil de Fato
O primeiro-ministro libanês, Najib Azmi Mikati, afirmou nesta sexta-feira (11) que o Hezbollah concorda em retirar forças da fronteira israelense. Com isso, o movimento acataria a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que determina a retirada de suas forças do sul do Líbano.
Destinada a pôr fim à Segunda Guerra do Líbano de 2006, a resolução afirma que as forças do Hezbollah não se posicionarão ao sul do rio Litani, que o exército libanês controlará todo o Líbano até a fronteira com Israel e que o Hezbollah se desarmará.
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel há um ano em solidariedade ao Hamas, que sofre com o genocídio cometido por Israel em Gaza após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Desde o início do fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah, mais de 2 mil pessoas morreram no Líbano, das quais 1,2 mil morreram desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo uma contagem realizada pela AFP com base em números oficiais.
O premiê Mikati também anunciou que o Líbano decidiu entrar em contato com o Conselho de Segurança da ONU para solicitar uma resolução que exija um cessar-fogo com Israel e acrescentou que discutiu os esforços para um cessar-fogo com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
“Continuamos trabalhando intensamente para evitar um conflito mais amplo na região”, declarou Blinken nesta sexta-feira.
Ademais, o governo israelense prometeu responder aos mísseis lançados pelo Irã em seu território em 1º de outubro. Segundo especialistas, os países do Golfo não permitirão que Israel utilize o seu espaço aéreo para atacar o Irã.
Ataque israelense contra a ONU
O Líbano denunciou nesta sexta que Israel voltou a abrir fogo contra uma posição da força da ONU destacada entre o Líbano e Israel, a Unifil, depois de dois soldados da paz indonésios terem sido feridos na quinta-feira em um ataque israelense que gerou indignação na comunidade internacional.
O Exército israelense, que iniciou ataques terrestres contra o Hezbollah no sul do Líbano em 30 de setembro, reconheceu ter disparado na área, mas afirmou ter pedido às forças da ONU que “permanecessem em espaços protegidos”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta sexta o ataque como “intolerável” e afirmou que constitui “uma violação do direito humanitário internacional”. A ONU estima que 600 mil pessoas foram deslocadas no Líbano pela violência israelense.
O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, instou nesta sexta-feira a comunidade internacional a parar de exportar armas para Israel.
A ofensiva israelense na Faixa de Gaza, considerada genocídio por mais de 50 países – resultou na morte de 42.126 palestinos, em sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.
Desde domingo, as tropas israelenses cercaram e bombardearam a cidade de Jabaliya, no norte de Gaza. Segundo o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, pelo menos 140 pessoas morreram desde o início desta operação e 400 mil estão bloqueadas pelo cerco, segundo a ONU.
*Com Haaretz e AFP