PCC x depredação do patrimônio: debate da Record em São Paulo tem troca de acusações entre Boulos e Nunes
Brasil de Fato
O debate realizado neste sábado (19) pela TV Record e o jornal Estadão entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (Psol), que disputam a prefeitura de São Paulo, foi marcado por acusações de lado a lado.
Boulos investiu contra Nunes usando sua proximidade com Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Siurb). Ele é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-companheira de Marco Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do PCC preso desde 1999. Nunes afirmou que Olivatto é servidor de carreira do município desde 1988.
Em matéria publicada nesta quinta-feira (17), o UOL publicou um vídeo que mostra Olivatto pedindo votos para o prefeito Ricardo Nunes (MDB) em uma reunião com funcionários da Potenza Engenharia na última sexta (11), na zona norte de São Paulo.
“Será que eu consigo fazer com que vocês reflitam e a gente conseguir buscar esse entendimento pra gente dar prosseguimento junto com o Ricardo Nunes? É possível isso? É possível? Vocês vão analisar isso com calma E os que já se decidiram, por favor, conversem com todo mundo que vocês puderem. Cada voto que a gente conseguir é de fundamental importância”, diz o chefe de gabinete da Siurb no vídeo.
Boulos também citou o nome de Osvaldo Cavalcante Maciel, empresário condenado e preso por envolvimento em uma das maiores fraudes do sistema bancário brasileiro, em 1995. Ele esteve envolvido com o desvio de R$ 1,6 bilhão do Banco do Brasil (em valores atualizados).
O nome de Maciel entrou em evidência neste sábado, com a publicação de uma matéria do Intercept Brasil. De acordo com o site, a assessoria de Nunes ameaçou o veículo com um processo criminal após o jornalista Paulo Motoryn enviar perguntas sobre o envolvimento com o empresário. Nunes teria sido funcionário de Maciel, mas se recusou a responder os questionamentos.
“A cidade de São Paulo, infelizmente, está na mão de esquemas, desde máfia da creches até crime organizado, de esquemas de questões muito suspeitas”, disse o psolista.
Sigilo
Como fez no debate anterior, Boulos desafiou Nunes a abrir seu sigilo bancário. “Eu disse que eu abria meu sigilo bancário para mostrar meu salário. Te perguntei no debate passado, você não respondeu. Você abre seu sigilo para mostrar que é honesto?”, perguntou o deputado federal.
Em resposta, Nunes atacou Boulos. “Quem tem que abrir o sigilo é o MTST, quem tem que abrir o sigilo é o Janones, que como deputado federal, você foi lá para poder livrar o Janones”. O deputado federal André Janones (Avante-MG) é acusado de prática de rachadinha em seu gabinete em Brasília.
Além disso, o candidato à reeleição usou a fala de um promotor de Justiça contra Boulos. “O promotor João Carlos de Camargo Maia, do Ministério Público, que falou sobre Guilherme Boulos: ‘o criminoso conseguiu fugir por manobra jurídica.'”
Nunes se referia a um processo extinto na Justiça de São Paulo, por dano ao patrimônio público. De acordo com a Folha de S.Paulo, Boulos era suspeito de ter atirado pedras em uma viatura da Guarda Municipal de São José dos Campos e de ter incitado famílias desalojadas a danificarem o ginásio da cidade. Boulos foi preso na ocasião, e foi liberado após pagar fiança.
Em resposta à Folha, Boulos afirmou que o processo foi extinto por erros do Ministério Público. O caso aconteceu durante a desocupação do Pinheirinho, que ocorreu com ação violenta da Polícia Militar.
Debates no segundo turno
No dia 14 de outubro, aconteceu o primeiro – e até hoje o único – debate entre Nunes e Boulos após o primeiro turno. O tema do apagão em São Paulo dominou o encontro, o que colocou o atual prefeito da cidade em posição defensiva.
Depois disso, Nunes faltou ao debate realizado pela Folha de S.Paulo, UOL e Rede TV, na quinta-feira (17), e a atividade acabou se tornando uma sabatina do candidato do Psol, que criticou a ausência do adversário. No dia seguinte, o cenário se repetiu: o debate que seria realizado SBT, Terra e rádio Nova Brasil foi cancelado após a desistência de Ricardo Nunes.
Antes do apagão, no dia 10 de outubro, Nunes também desistiu do espaço realizado pelos jornais Globo, Valor Econômico e rádio CBN no dia 10 de outubro.