Cinema nacional: cinco filmes para entender a obra de Vladimir Carvalho

Brasil de Fato

Faleceu nesta quinta-feira (24), aos 89 anos, Vladimir Carvalho, um dos mais importantes documentaristas da história brasileira. Nascido em janeiro de 1935 na cidade de Itabaiana, na Paraíba, ele foi responsável por uma vasta obra cinematográfica de abordagem social, política e cultural, além de ter contribuído para a formação de milhares de profissionais e pesquisadores na área.

O País de São Saruê (1971) é considerado seu primeiro grande trabalho. O documentário apresenta a região sertaneja do Rio do Peixe, situada no polígono da seca nordestina, na fronteira entre Paraíba, Pernambuco e Ceará, e analisa a evolução de suas atividades econômicas.

Inspirado no título de um cordel do renomado autor paraibano Manoel Camilo dos Santos, O País de São Saruê é uma obra intensa que aborda a relação entre o homem e a terra. Concluído em 1971, o filme foi inicialmente censurado, recebendo liberação apenas em 1979. No mesmo ano, foi selecionado para o Festival de Brasília, onde conquistou o Prêmio Especial do Júri.


Cartaz do filme O País de São Saruê / Imagem: reprodução

Conterrâneos Velhos de Guerra (1991)

Conterrâneos Velhos de Guerra (1991) é a obra mais destacada de sua filmografia. Ao longo de décadas de registros de imagens e entrevistas, o documentário narra a história da construção de Brasília sob o ponto de vista de trabalhadores que, após concretizar a promessa de Juscelino Kubitschek, foram expulsos do centro da cidade para partes isoladas do quadrado. Anos antes, Carvalho já havia lançado Brasília Segundo Feldman (1979), com base nas filmagens do designer estadunidense Eugene Feldman, com destaque especial ao Massacre da Construtora Pacheco Fernandes Dantas.


Cartaz do filme Conterrâneos Velhos de Guerra / Imagem: reprodução

Quilombo (1975)

Em meados dos anos 70, Vladimir documentou Quilombo (1975), que retrata a comunidade negra de Mesquita, em Cidade Ocidental (GO). Esta comunidade quilombola vive da agricultura e da produção artesanal de doce de marmelo nas proximidades, a uma curta distância de Brasília. No entanto, a pequena e decadente povoação enfrenta um processo de desintegração, levando seus moradores a se deslocarem para as favelas do Distrito Federal.


Abertura do filme Quilombo (1975) / Reprodução/Youtube

Rock Brasília – Era de Ouro (2011)

Entre seus trabalhos mais recentes, Rock Brasília – Era de Ouro (2011) foi montado com imagens de arquivo capturadas por Vladimir Carvalho desde o final dos anos 1970. O filme destaca as bandas de Brasília, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, que trilharam a clássica trajetória do herói: superar obstáculos em busca de um lugar na cena cultural nacional. Essas bandas representam a primeira geração de filhos de políticos, diplomatas e intelectuais que começou a emergir na década de 1980.


Cartaz do filme Rock Brasília / Imagem: reprodução

Barra 68 – Sem Perder a Ternura (2000)

Outro clássico de sua filmografia, Barra 68 – Sem Perder a Ternura (2000) revisita as violentas histórias da Universidade de Brasília desde o golpe militar de 1964 até os eventos de 1968, quando cerca de 500 estudantes foram detidos. Em 1977, a UnB seria cenário de mais uma onda de manifestações, novamente duramente reprimidas pelo Exército. Durante a repressão em 1968, a universidade foi ocupada por tropas militares, levando quase todo o seu corpo docente a se demitir em protesto. Outro registro de Carvalho sobre a universidade já havia sido feito nos primeiros anos de carreira em Vestibular 70 (1970).


Cartaz do filme Barra 68 – Sem Perder a Ternura / Imagem: reprodução

Da Redação