Cuba denuncia campanha de ‘manipulação política’ nos Jogos Olímpicos e pede exclusão de desertor

Brasil de Fato

Autoridades esportivas cubanas acusaram o Comitê Olímpico Internacional (COI) de permitir uma “manipulação política do esporte” para “atacar a imagem do movimento esportivo cubano” durante os Jogos de Paris 2024. Por meio de um comunicado oficial, o Comitê Olímpico Cubano (COC) exigiu a “expulsão imediata” de um atleta de nacionalidade cubana que, afirmam, foi “injustificadamente incluído” na Equipe Olímpica de Refugiados (EOR) e que teria recentemente “feito declarações políticas desrespeitosas e falaciosas” contra Cuba.

“Isso confirma as preocupações de Cuba sobre a verdadeira motivação política da inclusão de atletas de origem cubana na EOR, embora as autoridades do COI tenham assegurado que os atletas em questão não fariam declarações dessa natureza”, afirma o comunicado.

O Comitê Olímpico Cubano (COC) aponta que as declarações contra o país são uma “violação da Carta Olímpica e das regras estabelecidas pelo COI para todos os atletas que participam dos Jogos Olímpicos”. Embora o texto não mencione explicitamente o nome do atleta, ele se refere ao canoísta Fernando Dayán Jorge, um dos dois cubanos que fazem parte da Equipe Olímpica de Refugiados.

Nascido na província cubana de Cienfuegos, Fernando Dayán competiu nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 como parte da equipe nacional e, junto com Serguey Torres Madrigal, ganhou medalha de ouro na prova C-2 1000m nos Jogos. Naquela edição, Cuba ganhou 15 medalhas olímpicas: 7 de ouro, 3 de prata e 5 de bronze.

Mas em 2022, durante sessão de treinamento da equipe cubana no México, Fernando Dayán deixou a equipe cubana de canoagem, desertou e decidiu se estabelecer em Miami (Estados Unidos).

O que é a Equipe Olímpica de Refugiados?

A Equipe Olímpica de Refugiados foi apresentada pela primeira vez durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. É uma delegação de participantes patrocinada pela Fundação Olímpica para Refugiados (ORF), órgão do Comitê Olímpico Internacional que patrocina e fornece bolsas de estudo a atletas que foram forçados a fugir de seus respectivos países de origem.

A delegação que compõe a Equipe Olímpica de Refugiados para os Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi apresentada em maio passado. Procedente de 11 países diferentes, a delegação é composta por 36 atletas (23 homens e 13 mulheres). Três deles são latino-americanos: dois cubanos e um venezuelano.

Tanto Cuba como a Venezuela rejeitaram a inclusão de pessoas de seus países na equipe, considerando que elas “não atendem aos critérios internacionais para serem classificadas como refugiados”. Em sua declaração, o Comitê Olímpico Cubano disse que a Equipe Olímpica de Refugiados “foi apresentada publicamente como um grupo de jovens atletas ‘desenraizados pela guerra ou perseguição’”.

O texto destaca que “os diretores do Comitê Olímpico Internacional reconhecem que nenhum desses esportistas cubanos foi desalojado pela guerra ou perseguido”. Também afirma que as autoridades esportivas cubanas, em busca de “uma solução construtiva”, informaram ao COI sua disposição de “permitir a participação desses atletas nos Jogos Olímpicos, representando os países onde residem e que, por vezes, representaram em competições internacionais”.

 

Da Redação