Cisjordânia acorda apreensiva após ataques no Líbano e Irã: ‘Situação deve piorar’

Brasil de Fato

Na madrugada desta quarta-feira (31), um ataque israelense na capital do Irã, Teerã, matou Ismail Haniyeh, dirigente maior do Hamas. Haniyeh estava na cidade para a posse do novo presidente iraniano Masoud Pezeshkian.

Todas as cidades e vilarejos da Cisjordânia e parte de Jerusalém Oriental amanheceram em greve geral, como demonstração de luto pelo acontecimento, além da organização de protestos de rua em cidades como Ramallah, capital da Cisjordânia. Ainda que o Hamas não possua grande influência nestes territórios – sua atuação é restrita à Faixa de Gaza -, o assassinato de um líder é visto como derrota para a população palestina, que protesta com as armas que possui.

É comum encontrar fotos de mártires da guerra pelas ruas, pelas casas e escritórios. Ainda que nem todos concordem com os métodos do grupo, todos sofrem pelas vidas ceifadas. No caso de Haniyeh, o luto se aprofunda diante do papel que o líder cumpria ao mediar as tratativas de cessar-fogo, e do claro recado que fica de que Israel não deve recuar.

Um dia antes, Israel atacou o sul de Beirute com um míssil que alega ter alvejado Fuad Shukr, comandante do Hezbollah. O ataque aconteceu como retaliação pela explosão em Majdal Shams, nas Colinas de Golã, que matou 12 jovens drusos no último sábado, e cuja autoria foi atribuída ao grupo libanes, que negou.

Em 24h, o estado de Israel feriu a soberania de dois países, Irã e Líbano, em caçada contra dois importantes líderes de movimentos de resistência. Palestinos e lideranças internacionais aguardam apreensivos uma escalada de violência e uma possível ampliação das dimensões da guerra.

Em Jerusalém Oriental, o clima é tenso e triste, mas há certa normalidade diante da expectativa de guerras, ataques e retaliações, palavras infelizmente comuns ao vocabulário palestino. Espera-se que nos próximos dias a situação piore e a temperatura política suba.

No entanto, a sabedoria palestina diante dos 76 anos de nakba – ou “tragédia”, que é como os palestinos se referem ao conflito que os expulsou de suas terras e criou Israel – diz que esse adensamento do clima só ocorre alguns dias após as tragédias, pois diante da dureza dos conflitos e das perdas, sempre é preciso haver primeiramente alguns dias de luto e honrarias aos mártires.

*As opiniões contidas neste artigo não refletem necessariamente às do Brasil de Fato

Da Redação