DF: Fórum Mundial da Bicicleta vai discutir o ciclismo como alternativa ao automóvel

Brasil de Fato

Entre os dias 4 e 8 de setembro, Brasília será a pista para ciclistas de diversos países, que chegam à capital do Distrito Federal (DF) para o evento Salve o Planeta, Pedale – 13º Fórum Mundial da Bicicleta e 11º Bicicultura, que acontece no Centro de Excelência em Turismo na Universidade de Brasília (UnB). Objetivo é celebrar e discutir a mobilidade ciclística como alternativa ao automóvel num contexto de crise climática.

A iniciativa reunirá cicloviajantes, grupos de pedal, ciclistas profissionais e amadores. Também estarão presentes especialistas em ciclomobilidade e gestores públicos que se destacaram em seus países e em cidades brasileiras por experiências de sucesso na inclusão da bicicleta no trânsito.

O encontro é organizado pela Associação Rodas da Paz, entidade de cicloativismo com 21 anos de atuação no DF. Além de cicloativistas do Brasil, também participam da atividade grupos Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Chile.

A abertura inicia nesta quarta-feira (4) com Pedal histórico-cultural no Eixo Monumental. A chegada será no Cine Brasília, onde acontece a Mostra Ciclone com a exibição do filme curta metragem Lulu vai de bike, de Edson Fogaça. A mesa de abertura está prevista para às 18h30 e após a cerimônia acontece o lançamento da 4ª edição da Revista Rede Urbanidades.

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A programação completa é formada por exposição de fotos, passeios de bicicleta, atrações artísticas, mostra de filmes, mesas de debates, palestras e oficinas. A participação é gratuita, mas para ter acesso a todas as atividades é necessária a inscrição no portal Bicicultura.

“O ‘Salve o Planeta, Pedale’ é focado na emergência climática. O objetivo do fórum é discutir como a bicicleta de fato é o veículo adequado para mitigar os efeitos da emergência climática na qual o mundo já está imerso. Só pra lembrar, o evento vai acontecer numa Brasília coberta pela fumaça e fuligem da queima que acontece nos estados vizinhos e mesmo no nosso entorno”, explica Ana Júlia Pinheiro, coordenadora de comunicação da Rodas da Paz.

Ela também destaca que existem muitas contradições em Brasília como proposta de cidade moderna e observa que falta conhecimento sobre ciclomobilidade e estrutura cicloviária. “Por que as ciclofaixas não são interligadas? Por que uma cidade plana como Brasília não enxerga a oportunidade de incentivar o transporte por bicicleta Por que Brasília não tem áreas de proteção ao ciclista de competição? Por que o governo local se recusa a construir essas áreas?”, questiona.

Fórum Mundial

O Fórum Mundial da Bicicleta teve início no Brasil em 2012, em Porto Alegre (RS) e retorna ao país pela quarta vez, desta vez em Brasília (DF). O evento foi criado como uma resposta do cicloativismo a um crime que aconteceu em 2011 na capital gaúcha, quando o bancário Ricardo Neis atropelou 11 ciclistas participantes da ‘Massa Crítica’, movimento internacional que chama a atenção da sociedade para o respeito à vida de quem pedala.

Esta é a primeira vez que o Fórum Mundial da Bicicleta e o Bicicultura, Encontro Brasileiro de Ciclomobilidade e da Cultura da Bicicleta, ocorrem simultaneamente. 

A Rodas da Paz disputou o direito de sediar o evento no Brasil no FMB 2022, na Colômbia. E no encerramento do evento, em Brasília, no dia 8 de setembro, uma assembleia vai decidir qual país sediará o FMB 2026.

Biciculturinha


Espaço do Biciculturinha em Florianópolis, em 2023. / Foto: Divulgação Rodas da Paz

Durante todos os dias o evento vai receber crianças com brincadeiras e jogos que falam sobre a cultura da bicicleta. O espaço Biciculturinha deste ano recebe o nome de Miss Jujuba, em homenagem à artista e cicloviajante Julieta Hernández, morta enquanto viajava pelo Brasil de bicicleta.

Ela estava a caminho de seu país de origem quando desapareceu no dia 23 de dezembro de 2024, no município de Presidente Figueiredo, a 117 quilômetros ao norte de Manaus, no Amazonas. Seu corpo foi encontrado no dia 6 de janeiro.

Mostra Ciclocine

A programação do ‘Salve o Planeta, Pedale’ inclui uma mostra de filmes que serão exibidos no Cine Brasília (106 Sul), a Ciclocine. Na quarta-feira (4) será exibido Lulu vai de bike, de Edson Fogaça. Na quinta-feira (5) serão exibidos os filmes Elo Perdido: O Brasil que pedala, de Renata Falzoni, Mama Agatha, de Fadi Hindash e Pedalar é Suave, de Flora Gondim.

 


Documentário conta a história de catadores de recicláveis da capital federal. / Foto: Rodrigo Cabral/ Divulgação

Na sexta-feira (6) será exibido o documentário No rastro das Cargueiras, de Carol Matias, que conta a trajetória de uma comunidade de catadores vindos de Iguatu (CE), que se estrutura no DF desenvolvendo uma expertise de reciclagem autônoma com as bicicletas.

Já no sábado (7), será exibido o filme Bike vs Cars, de Fredrik Gertten. As sessões são gratuitas e iniciam às 20h.

Homenagens

Durante o evento, ciclistas que sofreram violência no trânsito serão homenageados de forma especial, com espaços dedicados a eles: Pedro Davison, Raul Aragão e Marina Harkot. O julgamento do empresário José Maria da Costa Júnior, acusado de matar Marina Harkot em São Paulo, estava agendado para outubro deste ano, mas foi adiado para 23 de janeiro de 2025. A defesa alegou que o réu está com dengue.

Raul Aragão, cicloativista e aluno da Universidade de Brasília (UnB), também será lembrado no evento. Em 2017, Aragão foi atropelado e morto por Johann Homonnai, outro estudante da UnB. A conclusão do laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, indicou que Johann corria a 95 km/h no momento da batida, velocidade 58% superior à máxima permitida na avenida L2 Norte – de 60km/h. Homonnai foi inicialmente condenado por homicídio culposo, mas sua pena foi posteriormente anulada pela 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em abril de 2022.


Laudo do acidente que matou o cicloativista Raul Aragão numa velocidade de 95km/h numa pista de 60km / Foto: Reprodução

A Rodas da Paz conquistou a inclusão do Dia Nacional do Ciclista, 19 de agosto, no calendário oficial do Brasil, por meio da Lei 13.508/2018, aprovada no Congresso Nacional. A data presta homenagem ao biólogo e ciclista brasiliense Pedro Davison que foi atropelado e morto em 2006 enquanto pedalava no Eixão Sul.

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Da Redação