Na quinta-feira (5), MAB realiza ato em Porto Alegre por políticas públicas aos atingidos por tragédias

Brasil de Fato

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza, nesta quinta-feira (5), uma série de atos públicos em diversas capitais brasileiras, com destaque para Porto Alegre. A data marca tanto o Dia da Amazônia quanto o aniversário de um ano das devastadoras enchentes no Vale do Taquari (RS) que ainda afetam profundamente a população local.

Em Porto Alegre, o ato principal terá início às 9h, em frente ao Gasômetro. A manifestação reivindica direito à moradia, segurança e a continuação das políticas financeiras emergências no RS.

Conforme pontua o MAB, três enchentes devastaram comunidades inteiras na região do Vale do Taquari há exatamente um ano. Mais de 40 mil pessoas ficaram desabrigadas e mais de 3 mil residências foram destruídas, o que gerou prejuízos superiores a R$ 500 milhões. O movimento ressalta que essas tragédias têm causado impactos profundos na saúde mental e no bem-estar das comunidades, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade no estado. 

“Tínhamos sido atingidos em setembro, mas a de maio foi devastadora. Para ter uma ideia, segundo o levantamento da Defesa Civil aqui em Estrela, são 1,8 mil casas que foram destruídas e estão abandonadas. Dessas, só 372 estão sendo beneficiados no aluguel social. As demais estão no abrigo. São três abrigos que têm na faixa de umas 200 famílias. E as demais [que não estão em abrigo] se deslocaram para outros lugares, para a casa de parentes. Estão morando três ou quatro famílias na mesma casa para poder se manter”, conta o atingido João Jair, morador da cidade de Estrela. 

O MAB reforça que a recuperação das áreas afetadas avança lentamente e exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos, e demanda uma resposta rápida e efetiva do poder público.

Ações durante o desastre climático

De maio para cá, as cozinhas solidárias do MAB já produziram mais 100 mil quentinhas. Atualmente, a única que permanece ativa é a Cozinha Solidária de Canoas, que entrega 700 marmitas ao dia. Do Vale do Taquari à Grande Porto Alegre, a organização distribuiu cerca de 2 mil cestas de alimentos, além das doações de hortifruti, kits de higiene e kits de casa nova com geladeira, fogão, microondas e máquina de lavar. 

Cada uma das ações é planejada pelos próprios atingidos em parceria com apoiadores do movimento. Para o MAB, a reconstrução de uma vida digna e de uma comunidade mais segura é direito que deve ser garantido. Mas enquanto isso não acontece o povo tenta encontrar formas para poder sobreviver, e se organizar é uma delas. “Os atingidos veem na luta uma espécie de esperança. Portanto, seja no galpão, na cozinha ou nas ruas, fornecemos aos atingidos um espaço de conforto.”

Atos em outras regiões do país 

Em Belo Horizonte (MG), a manifestação está marcada para às 14h em frente ao Tribunal Regional Federal da 6º Região, para lembrar os nove anos do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana e cobrar repactuação justa e com participação dos atingidos.

No Rio de Janeiro (RJ), o ato ocorrerá às 14h, com local ainda a ser definido. Em Belém (PA), o ato será às 16h na Praça da República, destacando a importância da região na luta contra as mudanças climáticas e a expansão de projetos de infraestrutura. 

Em Porto Velho (RO), as atividades começarão às 9h com o ato “Defender a Amazônia é Defender a Vida” pela manhã e o Grito dos Excluídos à tarde. Em Ariquemes (RO), será realizado um acampamento da Juventude da Via Campesina com plantio de mudas. 

Em Sinop (MT), ocorrerá o seminário “Amazônia: Riqueza, degradação e saque, uma análise dos grandes projetos de infraestrutura”, das 19h às 22h, no Auditório L34 da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat).

Política pública para os atingidos

Durante os atos, o MAB vai reforçar a urgência da implementação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB) e a criação de um fundo nacional para atender essas comunidades. O movimento alerta que, sem a participação ativa das populações atingidas, as medidas de reparação e prevenção serão insuficientes e ineficazes.

As manifestações do dia 5 de setembro, segundo a organização, são um clamor por justiça e uma mobilização fundamental para garantir que os direitos dessas populações sejam respeitados e que políticas públicas adequadas sejam implementadas para evitar novas tragédias ambientais.

Da Redação