Para um país em chamas, uma solução ancestral: indígenas e agricultores preservam Amazônia

Brasil de Fato

Em meio ao fogo se alastrando da Amazônia ao Pantanal, e do registro, em 2024, do maior número de incêndios florestais dos últimos 14 anos no país, segundo o monitoramento “Programa Queimadas”, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Bem Viver, programa do Brasil de Fato, traz experiências na contramão do agronegócio e da devastação.

Indígenas e agricultores no interior do Pará, o segundo estado que mais registrou focos de incêndios esse ano, mostram que é possível preservar e produzir alimentos saudáveis sem a destruição das queimadas.

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No município de Santa Bárbara do Pará (PA), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou um latifúndio com quase 7 mil hectares, em 2004, quando a área passou a ser recuperada. Hoje, 394 famílias desenvolvem práticas agroecológicas e produzem alimentos e mudas nativas em viveiro coletivo. A área degradada pelo histórico monocultivo de dendê se transformou no Assentamento Abril Vermelho, em homenagem ao Massacre dos Eldorados dos Carajas.

“A gente vem desenvolvendo práticas agroecológicas no campo da produção de alimentos sustentáveis, livre de agrotóxicos, em uma área que historicamente é uma área de degradação ambiental, provocada pela empresa de plantio de dendê. E, com o monocultivo, vários crimes ambientais. Então, com a ocupação da terra, a gente foi desenvolvendo outras práticas de agricultura, que leva em consideração o cuidado com o meio ambiente, a recuperação de nascentes e, com isso, também, a produção de alimentos”, conta a assentada Valéria Lopes.

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A experiência coletiva de viveiros é desenvolvida há seis anos no assentamento e compõe o Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis“, do MST, cuja meta é plantar 100 milhões de árvores no país até 2030.
 
No Abril Vermelho, cerca de 80 famílias já passaram por alguma etapa do processo do viveiro, que garante autossustento e renda para as famílias, com capacidade de produzir até 100 mil mudas por ano e projetos de ampliação para 2025.

Entre as guardiãs e produtoras de mudas se destacam as mulheres. Raimunda Craveiro é uma das fundadoras do viveiro e hoje cultiva um dos lotes mais produtivos da região.

“Hoje eu ter uma terra dessa aqui para eu plantar, colher e comer aquilo que eu quero é gratificante demais, eu só tenho a agradecer. Nós temos as nossas feiras da reforma agrária, que fazemos duas vezes por ano e também vendemos na feira do Pau D’arco e aqui na porta. As pessoas vêm comprar o feijão, milho, farinha, açaí, macaxeira, tudo o que a gente planta aqui, a gente vende”, festeja ela. 

Terra Indígena Alto Rio Guamá

Um pouco mais para o centro do estado, mais de 180 povos indígenas, além de grupos isolados, vivem na Amazônia e cultuam as florestas como parte de si mesmos, a partir da conexão profunda com o meio ambiente e a defesa dos territórios.
 
Segundo último levantamento do MapBiomas, divulgado em agosto, as Terras Indígenas (TIs) são as áreas mais preservadas do Brasil e perderam apenas 1% da vegetação nativa em 38 anos, entre 1985 e 2023 – enquanto, nas terras privadas, as perdas foram de 28%.
 
Entre elas, a Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada no Pará, que tem uma trajetória de luta e resistência em defesa das florestas, como conta Edivaldo Tembé, Cacique Aldeia P’noir.

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“No passado teve muitos conflitos, tanto queimada, quanto devastação. O pessoal colocava muito pasto, mas agora não. Nós temos uma equipe fiscalizando, que vai duas vezes por mês, que são os guarda parque, os guardas florestais”.

Somente em março deste ano, 40 anos depois, mais de 1.600 invasores foram retirados da terra dos Tembé pelo governo federal. Momento em que receberam o direito exclusivo ao território. Desde então, foi implantado na área o grupo de Guardiões da Floresta, que, a exemplo de outras TIs, é composto por indígenas com a missão de proteger a área.

“Esse projeto surgiu para que a gente viesse proteger a floresta, sobre queimadas. Inclusive, já fomos para algumas missões, já apreendemos drogas, armas, quase tivemos conflitos e é uma coisa muito importante para o povo Tembé e estamos querendo ir muito além disso e proteger mais a natureza”, afirma Ronald Tembé, guardião da floresta.

Confira o Bem Viver na íntegra.

E tem mais…

O programa traz também a experiência que há 30 anos garante o direito básico da alimentação saudável e de qualidade em Belo Horizonte (MG), o Restaurante Popular Herbert de Sousa.

:: Bem Viver traz prosa com os poetas da natureza Xangai, Jessier Quirino e Maciel Melo ::

O infectologista Rico Vasconcelos explica o que é a Mpox na Dica de Saúde.

E tem uma receita deliciosa de cuscuz com geleia.

Quando e onde assistir? 

No YouTube do Brasil de Fato todo sábado às 13h30, tem programa inédito. Basta clicar aqui.

Na TVT: sábado às 13h30; com reprise domingo às 6h30 e terça-feira às 20h no canal 44.1 – sinal digital HD aberto na Grande São Paulo e canal 512 NET HD-ABC.

Na TV Brasil (EBC), sexta-feira às 6h30.

Na TVCom Maceió: sábado às 10h30, com reprise domingo às 10h, no canal 12 da NET. 

Na TV Floripa: sábado às 13h30, reprises ao longo da programação, no canal 12 da NET. 

Na TVU Recife: sábados às 12h30, com reprise terça-feira às 21h, no canal 40 UHF digital. 

Na TVE Bahia: sábado às 12h30, com reprise quinta-feira às 7h30, no canal 30 (7.1 no aparelho) do sinal digital. 

Na UnBTV: sextas-feiras às 10h30 e 16h30, em Brasília no Canal 15 da NET. 

TV UFMA Maranhão: quinta-feira às 10h40, no canal aberto 16.1, Sky 316, TVN 16 e Claro 17. 

Sintonize

No rádio, o programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista.

O programa também é transmitido pela Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira. O programa Bem Viver também está nas plataformas Spotify, Google Podcasts, iTunes, Pocket Casts e Deezer.

Da Redação