Maduro e Putin se reúnem durante cúpula do Brics e reforçam apoio entre países sancionados

Brasil de Fato

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniu nesta quarta-feira (23) com o chefe do Executivo russo, Vladimir Putin, durante a cúpula do Brics que acontece em Kazan, na Rússia. No encontro, eles reforçaram o apoio mútuo e elogiaram a atuação dos países em meio aos desafios impostos pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia.

Durante a reunião, Maduro disse que a Venezuela conseguiu superar a crise das últimas décadas com “seus próprios esforços” e afirmou que o país segue preparado para receber mais investimentos russos. Ela ainda destacou que os venezuelanos “superaram o deserto” e conseguiram sair vitoriosos em meio a esse contexto. 

“Nós conseguimos recuperar a economia com os próprios esforços, com indicadores muito positivos de crescimento econômico, derrota da inflação e investimento. Estamos preparados para continuar recebendo investimento russo, para continuar fortalecendo o nosso comércio, para continuar fortalecendo a aliança entre os setores empresariais em todos os setores”, afirmou. 

Ainda de acordo com o venezuelano, os dois países têm laços “indestrutíveis” e reforçou que o governo aplicou “os princípios do Brics porque estas são as nossas crenças”.

Putin também disse que as relações com a Venezuela são muito fortes e destacou que o comércio entre os países vai continuar crescendo em diferentes setores. Segundo ele, as duas nações são exemplo no combate ao imperialismo e ao neocolonialismo promovido pelas nações do Norte Global. 

“Juntos, a Rússia e a Venezuela se esforçam para criar uma ordem mundial nova e mais justa, baseada no Estado de Direito e na tolerância zero ao neocolonialismo, à interferência nos assuntos internos de outros Estados, à pressão política e financeira e às medidas coercitivas unilaterais”, disse.

Ainda de acordo com o russo, os venezuelanos são “amigos” e compartilham os mesmo valores que o Brics: respeito pela soberania de cada Estado e uma cooperação vantajosa e honesta.

“A Venezuela é um dos parceiros antigos e confiáveis ​​da Rússia na América Latina e no mundo em geral. A Venezuela contribui para a luta contra a guerra híbrida e a russofobia implantadas contra a Rússia. Os volumes do comércio bilateral estão a crescer, temos múltiplos projetos nos ramos da energia, da indústria farmacêutica, dos transportes, da conquista do espaço, das novas tecnologias”, disse.

Mesmo sem um posicionamento público por parte dos russos sobre a entrada dos venezuelanos no Brics, Caracas agradeceu o apoio de Putin para a entrada no bloco.

Outros encontros

Maduro também se reuniu com os presidentes de Belarus, Aleksandr Lukashenko, da China, Xi Jinping, da Palestina, Mahmoud Abbas, da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed Ali. Com Lukashenko, foi discutida a necessidade de se aproximar ainda mais e ampliar a cooperação entre Venezuela e Belarus. 

O presidente venezuelano discutiu com seu homólogo turco o comércio entre os países. De acordo com o governo da Venezuela, o intercâmbio comercial entre os dois países supera os 500 milhões de dólares. A ideia é reforçar esse comércio nos próximos 6 anos de governo e a meta é chegar em 2025 a 800 milhões. 

Entrada no Brics

Os venezuelanos têm interesse em fazer parte do Brics e o bloco entende que o país é estratégico para o mercado energético global. Maduro solicitou a entrada formal em maio, mas o bloco vai discutir a ampliação do números a partir de países parceiros. 

A entrada como um parceiro ainda precisa ser aprovada pelos membros integrantes. Fontes diplomáticas ouvidas pela reportagem do Brasil de Fato declararam que havia uma resistência do Brasil sobre a entrada da Venezuela no grupo de parceiros do Brics durante as negociações preliminares à cúpula. 

Em entrevista ao jornal O Globo, o assessor especial de política externa de Lula, Celso Amorim, afirmou que “talvez ainda não seja possível chegar a uma conclusão”, destacando que não há um “julgamento moral e nem político” sobre a Venezuela. 

Da Redação