Acordo de Mariana é oportunidade para recuperação de região historicamente degrada pelo agro
Brasil de Fato
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está esperançoso com o acordo assinado com o objetivo de reparar os danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), ocorrido em 2015. Esta repactuação pode significar uma grande mudança pra melhor na vida do povo de todo território da bacia do Rio Doce.
Com o acordo, estamos nos preparando para ampliar o programa popular de agroecologia que iniciamos depois do crime e que contempla os 37 assentamentos do MST, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Este programa melhora a vida de todo o povo, pois amplia a produção de alimentos saudável e realiza a recuperação ambiental da região.
Temos pouco mais de 2 mil hectares em processo de reflorestamento, em especial na região de nascentes, áreas de recarga hídrica e de preservação permanente.
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Pretendemos, no próximo período, ampliar para mais de 5 mil hectares. E o acordo, que envolve governo federal, governos estaduais, a Vale, BHP e Samarco, permitirá as empresas cumpram com a obrigação de fornecer as estruturas e aportes financeiros necessários para recuperação de toda bacia.
Além disso, é preciso que o acordo viabilize agroindústrias para beneficiamento dos alimentos da reforma agrária, para que a população possa ter acesso a alimentos de qualidade, principalmente para as crianças, por meio da alimentação escolar.
Também a ampliação do crédito da assessoria técnica exclusiva pra reforma agrária, para que possamos superar a fome e a insegurança alimentar em toda a bacia do Rio Doce.
Por isso, o MST reconhece a importância do acordo, e vê na luta por reparação uma oportunidade para mudar a história de degradação ambiental e social em toda região.
No entanto, o acordo não pode significar a anistia dos culpados pelos crimes. As empresas seguem com as obrigações e serão cobradas pelo MST.
*Silvio Netto é da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
**Este é um artigo de opinião e não representa necessariamente a linha editorial do Brasil de Fato.