Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, depõe em júri popular: ‘Depois da morte dela, tentei me matar’

Brasil de Fato

Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, e Agatha Reis, viúva de Anderson Gomes, prestaram depoimento nesta quarta-feira (30), durante o julgamento de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos do assassinato da vereadora e do motorista. 

Durante o seu depoimento, Benício falou sobre os dias seguintes ao assassinato da ex-companheira. “Depois da morte dela, foram algumas vezes que eu pensei e tentei me matar.”

A oitiva da viúva de Marielle Franco foi interrompida em diversos momentos, após Benicio se emocionar e se entregar ao choro. “Eu vivi muitas coisas com a Marielle e aprendi que o amor está nos detalhes. Eu lembro o último segundo que vi minha esposa com vida e a última coisa que ela me disse foi ‘eu te amo’.”.

Leia mais: ‘Minha filha, o que fizeram com você?’: 45 dias após assassinato, mãe de Marielle Franco mandou mensagem à filha

Em seguida, Benicio afirmou que Marielle Franco nunca se queixou de falta de segurança ou temor de ser alvo de sofrer um atentado e pediu a condenação de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz

“Existe um grupo que acha que pode assassinar e passar impune”, começou. “Se eu dissesse que espero justiça talvez tivesse uma leitura equivocada dessa fala. Porque a única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos. Mas, para além disso, dentro do que é possível, eu espero que se faça a justiça que o Brasil, que o mundo, espera há 6 anos e sete meses.”

“Porque isso é importante também, não só por símbolo, mas para a Marielle Francisco, defensora dos direitos humanos, para o Anderson, pai do Arthur e esposo da Agatha. Para que a gente possa dar o exemplo de que crimes como esse não podem voltar a acontecer. Para que Marielles possam voltar a existir em sua potência com segurança e que Andersons possam chegar em casa após um dia de trabalho digno”, finalizou.

“Ele não tem pai”

Ághata Arnaus, viúva de Anderson Silva, falou sobre as dificuldades que teve após o atentado que vitimou o motorista de Marielle Franco. “Voltei a morar sozinha com o Arthur e eu sufoquei ele, queria que andasse logo, que falasse logo, eu estava perdida… não vai passar nunca, sempre terá a primeira vez de algo sem o Anderson.”

Durante o depoimento, Arnaus falou sobre a relação com o filho, que nasceu com onfalocele, má formação congênita na parede abdominal. “O Arthur perdeu toda a possibilidade de referência de pai, ele tem um atraso de desenvolvimento de forma geral. Ele estava vivendo com uma mãe que estava destruída. O Anderson não teve a possibilidade de viver um momento de pai e filho mais tranquilo”, disse a viúva, que hoje é servidora pública.

“Eu espero que as pessoas me tiraram o Anderson, o pai do Arthur, paguem pelo que fizeram”, finalizou Arnaus.

Da Redação