Exposição retrata personagens e ambiente de ‘Grande Sertão: Veredas’ na Feira do Livro de Porto Alegre

Brasil de Fato

A exposição “Grande Sertão”, da artista visual gaúcha Graça Craidy, retrata, em 52 obras, os principais personagens, a flora e a fauna do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa (1908-1967). A mostra será aberta sexta-feira (1º), às 18h30, no Clube do Comércio, como parte da programação da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre.

Em óleo, acrílica e aquarela, Graça faz sua releitura pictórica de personagens como Riobaldo, Diadorim, Joca Ramiro, Hermógenes, Zé Bebelo, Otacília, Nhorinhá; da flora e da fauna do Cerrado, além do próprio Guimarães Rosa, que se embrenhou no sertão para captar a linguagem dos nativos e anotar tudo que via e ouvia a fim de conceber este que é considerado o maior romance brasileiro do século 20.


Riobaldo e Diadorim / Foto: Divulgação

Graça não só leu o romance como fez o curso Travessia, sobre o livro, relendo-o e debatendo-o por três meses com a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Cecilia Marks, especialista no tema. Ele também assistiu ao monólogo Riobaldo, com o ator carioca Gilson de Barros, além de pesquisar em ensaios e monografias relativas à obra de Guimarães Rosa, publicada em 1956.


Prostituta Nhorinhá / Foto: Divulgação

“Reconhecido tanto por sua linguagem dita inventada quanto por sua narrativa instigante e aventuresca, o livro retrata um Brasil profundo, em plena mudança do Império para República, a contragosto dos senhores de terra e coronéis que viam no poder central republicano a anulação do seu poder histórico exercido nas pequenas comarcas desde o tempo das sesmarias”, analisa Graça.

“Naquele momento histórico de surdas batalhas entre fazendeiros e seus jagunços contra a polícia e os novos políticos representando a República”, prossegue ela, “um sertão recortado por rios, veredas, coqueiros-buritis, pássaros e animais selvagens acoita homens comuns incomuns à cata de poder e de Deus, em fuga da morte e do diabo, divididos entre o bem e o mal, regurgitando questões caras à humanidade, como o amor, e mais que amor, o amor entre dois guerreiros: Riobaldo e Diadorim”.


Jagunço Hermógenes / Foto: Divulgação

Apaixonada por artes visuais e literatura, a artista pretende, com seu trabalho, estimular a leitura de Grande Sertão: Veredas. “Espero que os visitantes da exposição se encantem com a história em quadros do meu Grande Sertão particular, expressionista, apaixonado, de cores turvas, ternas e terrosas. Em cada personagem, cena, gesto, o meu gentil convite para despertar nas pessoas o desejo de ler o grande romance”, diz ela.


A exposição estará aberta à visitação das 10h às 20h, inclusive sábado e domingo / Divulgação

Esta é a quarta vez que Graça une sua arte à literatura. A primeira foi na coleção “Clarices”, de 33 retratos de Clarice Lispector, que já esteve no Rio de Janeiro, Niterói, Brasília, São Paulo, Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba (ainda em cartaz na capital paranaense).

A segunda e a terceira foram as mostras coletivas “Autorias I” e “Autorias II”, que a artista organizou, inclusive em plena pandemia, com 43 artistas gaúchos retratando 51 escritores do Rio Grande do Sul. E, agora, essa individual sobre Guimarães Rosa, que se tornou imortal da Academia Brasileira de Letras.

Durante a Feira do Livro, que vai até o dia 20 de novembro, a exposição estará aberta à visitação das 10h às 20h, inclusive sábado e domingo. Depois de terminada a feira, a mostra seguirá em cartaz, até 20 de dezembro, de segunda a sábado, das 10h às 17h.


Da Redação