Sindicato denuncia remoção forçada de servidores dos Centros de Convivência no DF
Brasil de Fato
Servidores da assistência social estão sendo removidos de ofício de forma forçada pela Secretaria de Desenvolvimento Social do Distrito Federal (Sedes-DF), conforme denúncia do Sindicato dos Servidores da Assistência Social e Cultural do Governo do DF (Sindsasc). Segundo a entidade, educadores e educadoras dos Centros de Convivência (Cecon) são retirados de suas funções para trabalharem nos Restaurantes Comunitários.
“A Secretaria está removendo de ofício, quer dizer, forçando servidores a saírem dos Cecon para trabalhar em Restaurante Comunitário para gestão de contrato. Essa não é a atribuição principal de um educador social. A principal função de um educador social é exatamente trabalhar no serviço de convivência e fortalecimento de vínculo no Cecon, Centros de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) ou mesmo unidades de alta complexidade”, aponta Clayton Avelar, presidente do Sindsasc.
Atualmente, o Distrito Federal possui 16 unidades de Centros de Convivência nas regiões administrativas. Os centros públicos de assistência social se destinam ao atendimento de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social, por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), serviço da Política de Assistência Social do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Os serviços de convivência são realizados em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, segundo o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social.
A Diretora de Comunicação, Patrícia Kopp, destaca que os Cecons salvam vidas, protegem famílias, resgatam e fortalecem vínculos familiares que estavam fragilizados ou rompidos. “Em todos os lugares que estive no Brasil e até mesmo fora representando o Distrito Federal, as pessoas sempre ficam maravilhadas por esse serviço do Centro de Convivência, especialmente, por ser executado por educadores sociais de nível superior”, afirma.
Procurados pelo Brasil de Fato DF, a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF não respondeu até o fechamento da reportagem. O espaço está aberto para a manifestação.
Desmonte das unidades
Nesta quinta-feira (31), um ato público foi realizado na Sedes-DF pelo sindicato, educadores e educadoras, além dos conviventes dos Cecons. Na ocasião, foi discutido sobre o “processo de desmonte das unidades” por parte da Secretaria, como afirma o Sindsasc-DF. Também foi dito que, há anos, os centros não possuem mais transporte, e que foram encerradas as bolsas destinadas aos adolescentes.
Outra denúncia feita pelo sindicato é que os Centros de Convivência têm mantido os atendimentos com pouco material de trabalho. Com isso, muitas vezes, os educadores e educadoras compram os materiais necessários com os próprios salários.
Keila, convivente do Cecon Gama Sul, relata a importância da unidade para ela. “Eu tenho seis filhos. Às vezes, eles não tinham lanche para levar para escola, agora, eles estão lá. O melhor método é não manter uma criança na rua”, diz. Ela ainda lembra da necessidade dos centros para os idosos.
“Lá não é apenas o Cecon, é uma terapia. Lá constrói os sonhos de famílias. Muitas são carentes e são atendidas lá. A gente vê servidores tirarem dinheiro do próprio bolso, fazem vaquinha para pagar ônibus, lanche para crianças, sendo que isso era serviço do governo”, destaca a convivente do Cecon Gama Sul.
Reunião com a Sedes-DF
Durante o ato, uma comissão do movimento foi criado e recebido pela Chefe de Gabinete, Luanna Kim. Na ocasião, a proposta da comissão era de reverter todas as remoções já realizadas e suspender as que estão em curso dos educadores e educadoras. O compromisso da gestora foi dar uma resposta até esta sexta-feira (1).
O presidente do Sindsasc também informa que foi solicitado que a Secretaria faça uma consulta de interesse para ver se algum servidor está interessado em ir para locais onde o Governo do Distrito Federal (GDF) precisa lotar pessoas. “Isso é apenas o que a gente considera de medida emergencial, porque têm aquelas outras medidas que são mais de médio prazo, que têm a ver com as condições de trabalho no centro de convivência, como, por exemplo, destinar transporte para que se possa fazer atividades externas e também reforma em alguns centros de convivência assim como destinar mais educadores. Têm alguns que estão muito debilitados pelo fato de ter o número muito pequeno de educador”, explica Clayton.