China denuncia interferência dos EUA com nova lei sobre o Tibete
Brasil de Fato
A China criticou os Estados Unidos por uma lei aprovada recentemente sobre a Região Autônoma de Xizang, conhecida como Tibete no Ocidente. Ao assinar a lei elaborada pelos dois partidos, o Democrata e o Republicano, o presidente Joe Biden disse que compartilha o compromisso do Congresso de “promover os direitos humanos dos tibetanos”.
O mandatário estadunidense afirmou que a nova lei não altera a política de longa data dos Estados Unidos de reconhecer o Tibete e outras áreas de maioria étnica tibetana como parte da República Popular da China. Porém, para a China a medida tem justamente a intenção de questionar essa política.
Isso porque o documento do governo estadunidense afirma existir um conflito entre o governo central chinês e o que a lei agora chama de Tibete, que além da Região Autônoma de Xizang, incluiria as prefeituras autônomas tibetanas Gansu, Qinhai, Sichuan e Yunnan.
Na China, as prefeituras autônomas existem em lugares onde as minorias étnicas compõem mais de 50% da população ou têm uma presença histórica importante. São 30 prefeituras autônomas e 120 condados autônomos, que podem ou não estar dentro das cinco regiões autônomas – que estão no mesmo nível de províncias e são Xizang, Guangxi, Xinjiang, Mongólia Interior e Ningxia.
A nova medida aprovada por Biden inclusive recebeu o nome de “Lei de Promoção de uma Resolução para a Disputa Tibete-China”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, exigiu que os Estados Unidos “cumpram o seu compromisso de [reconhecer] que Xizang faz parte da China, de não apoiar a ‘independência de Xizang'” e de se abster de assinar a lei.
“A China vai tomar medidas firmes e eficazes para proteger firmemente a sua soberania, segurança, e interesses de desenvolvimento”, disse Lin Jian.
Pelosi foi à Índia dizer que Dalai Lama superará Xi Jinping
Semanas antes de a lei ser sancionada, uma delegação do Congresso dos Estados Unidos liderada pelo presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, Michael McCaul, viajou à Dharamsala, na Índia, onde vive o Dalai Lama desde 1959.
Naquele ano, uma rebelião armada eclodiu em Xizang em reação às reformas promovidas pelo governo central chinês, que incluíam o fim do sistema feudal, que mantinha 95% da população tibetana como servos sem terra ou escravos.
No livro A Guerra Secreta da CIA no Tibete, revela o envolvimento da agência estadunidense nessas ações armadas e na fuga do Dalai Lama para a Índia. Os autores são o vice-diretor do Centro de Estudos Asiáticos em Washington de Kenneth Conboy e James Morrison, veterano do Exército estadunidense e integrante da Unity, a operação militar da CIA que enviou mercenários da Tailândia para o Laos para combater os comunistas.
Na vista à Dharamsala esteve presente a congressista Nancy Pelosi que elevou o tom contra a China: “Sua Santidade, o Dalai Lama, com sua mensagem de conhecimento, tradição e compaixão, e pureza de alma e amor, viverá por muito tempo e seu legado viverá para sempre. Mas você, presidente da China, você terá partido e ninguém lhe dará crédito por nada”, disse Pelosi em discurso na Índia.
Esta é a segunda vez recentemente que Pelosi faz provocações à China, após viajar a Taiwan como presidenta do Congresso em 2022, o que gerou indignação no governo e entre o povo chinês.
Para a China, o 14º Dalai Lama não é uma figura religiosa pura, mas um auto-exilado político “envolvido em atividades separatistas anti-China sob o manto da religião”, como afirmou Lin Jian em coletiva de imprensa.
“Instamos os EUA a reconhecer plenamente a natureza separatista anti-China do grupo de elite do Dalai, a honrar os compromissos que os EUA assumiram com a China em questões relacionadas com Xizang, e deixar de fornecer qualquer apoio às forças do ‘separatismo de Xizang’ envolvidas em atividades anti-China.