Argentina: oposição quer expulsão de deputados que visitaram torturadores da ditadura
Brasil de Fato
Uma multidão se reuniu na última terça-feira (20) na frente do Congresso argentino exigindo a expulsão de seis deputados que visitaram torturadores condenados por crimes contra a humanidade durante a ditadura militar. Todos são do La Libertad Avanza, partido de extrema direita do presidente Javier Milei.
Com o chamado de “Nunca mais é nunca mais, fora deputados negacionistas do Congresso Nacional”, os manifestantes pediam a investigação e cassação dos deputados Beltrán Benedit, Guillermo Montenegro, Alida Ferreyra, Lourdes Arrieta, María Fernanda Araujo y Rocío Bonacci, que fizeram a visita aos torturadores no dia 11 julho.
Vanessa Siley, deputada do Unión por la Patria, partido de oposição a Milei, declarou que a visita foi parte de um plano estratégico com o intuito de apresentar um projeto de lei ou decreto assinado pelo presidente que concederia a libertação dos torturadores.
“Não podemos permitir que dentro da casa da democracia existam deputados negacionistas da ditadura”, declarou Gisela Marziotta, deputada do Unión por la Patria, oposicionista do partido de Milei, que exigiu da Câmara dos Deputados argentina uma sanção correspondente ao ato para aqueles que realizaram a visita.
Na próxima sexta (23) a Comissão de Assuntos Constitucionais do Congresso argentino avalia se cria uma comissão para investigar a visita.
Milei cancela viagem ao México
Milei cancelou viagem programada para o México na próxima sexta-feira, no qual participaria de uma conferência política de extrema-direita, o CPAC. A justificativa para a suspensão seria a ida de Milei a uma confraternização com empresários do agro na Bolsa de Comércio de Rosario.
O presidente mexicano, Andres Manuel López Obrador, já havia descartado um encontro com o presidente argentino. “Não concordo com a forma de pensar e com o jeito de ser dele”, disse o mexicano na terça-feira, detalhando os motivos para não receber o ultraliberal Milei.
López Obrador e Milei manifestaram publicamente suas diferenças desde que o argentino chamou o mexicano de “ignorante”. O presidente do México respondeu dizendo que não compreendia “como os argentinos, sendo tão inteligentes, votaram em alguém que despreza o povo”.