Indígenas dos países da Bacia Amazônica criam grupo para ampliar presença em eventos internacionais
Brasil de Fato
Com o objetivo de ampliar a participação em eventos internacionais, organizações indígenas dos nove países da Bacia Amazônica se uniram na criação do G9. A pactuação do grupo aconteceu durante o Encontro Internacional de Povos Indígenas da Bacia Amazônica, realizado entre 14 e 16 de agosto, em Bogotá, na Colômbia.
“O G9 surge dessa necessidade de fortalecer, alinhar e propor uma agenda comum no âmbito internacional na Bacia Amazônica”, explica Angela Kaxuyana, representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) na Bacia Amazônica. “É uma estratégia, uma resposta dos povos indígenas da bacia amazônica às múltiplas crises que o mundo vem enfrentando, especialmente no tema de clima e da biodiversidade”, ressalta.
Como parte da fundação do G9, os líderes presentes no evento assinaram o “Acuerdo conjunto de los pueblos indígenas de la región amazónica por el cuidado de la vida” (“acordo conjunto dos povos indígenas da região amazônica pelo cuidado com a vida”, em tradução livre), documento que ressalta a relevância desses povos para a conservação e preservação ambiental e o combate às mudanças climáticas (clique aqui para acessar).
“Que sem os povos indígenas a conversa sobre biodiversidade carece de fundamento, pois nossa relação com o território tem mantido a vida na Amazônia e desempenhamos um papel fundamental na sustentabilidade ambiental global”, ressalta um trecho do documento.
:: Terras Indígenas da Amazônia registram menor desmatamento em seis anos ::
Como próximos passos, o grupo estará na 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA) no próximo ano; e na 16ª edição da Conferência sobre Biodiversidade (COP16), com início marcado para 21 de outubro de 2024, em Bogotá, na Colômbia.
Na avaliação de Angela, a presença indígena nesses eventos é fundamental. “São dois territórios indígenas. Colômbia, onde tem presença indígena muito marcante; e Pará, o segundo maior estado da Amazônia, também com forte presença indígena”, diz.
Assinam o documento organizações do Brasil, Colômbia, Bolívia, Peru, Venezuela, Equador, Suriname e Guiana. Apesar da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC) não reconhecer a Guiana Francesa como país, o G9 da Amazônia Indígena inclui o país devido a sua governança geopolítica e por sua organização indígena, a Federation Organisations Autochtones Guyane (FOAG).
Além da Coiab, estiveram na fundação do G9 a Organización Nacional de los Pueblos Indígenas de la Amazonía Colombiana (Opiac), Amerindian Peoples Association (APA), Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep), Confederação das Nacionalidades Indígenas da Amazônia Equatoriana (Confeniae), Organização Regional dos Povos Indígenas do Amazonas (Orpia), Confederação Indígena do Oriente, Chaco e Amazônia Boliviana (Cidob) e Organization van Inheemsen en Surinam (OIS).