Comissão Pastoral da Terra realiza assembleia no RS e define prioridades para o próximo período

Brasil de Fato

A Comissão Pastoral da Terra da regional Sul esteve reunida em São Leopoldo, no Centro de Espiritualidade Padre Arturo (Cepa), nos dias 4 e 5 de setembro, em sua 23ª Assembleia Regional. A atividade foi conduzida pelo tema do próximo Congresso Nacional da CPT, quando serão celebrados os 50 anos da organização, refletindo a “Presença, Resistência e Profecia – Romper Cercas, Tecer Teias: A Terra a Deus pertence (Lv,25)”.

Conforme o relato dos participantes repassado ao Brasil de Fato RS, a manhã de abertura contou com a assessoria do Frei Sérgio Gorgen, que apresentou uma análise de conjuntura eclesial, agrária e agrícola, no contexto da crise climática e das catástrofes vividas pelo estado. Ele falou sobre o plano de regeneração popular da sociobiodiversidade, através das ações dos movimentos sociais, em especial da emergente Missão Sementes da Solidariedade.

“A enchente de maio foi a maior tragédia de toda a história da região. E aí um conjunto de organizações, entre elas a Pastoral da Terra, a Cáritas, o Instituto Cultural Padre Josimo e o Movimento de Pequenos Agricultores, estamos fazendo a Missão Sementes de Solidariedade. A Missão visa visitar e atender cada agricultora e agricultor atingido pela enchente, prestar solidariedade e reunir um grupo na comunidade para entregar um kit de sementes e mudas para a construção de hortas”, explicou Maurício Queiroz, membro da coordenação colegiada da CPT-RS. 

A análise de conjuntura apresentada por Frei Sérgio, que foi fundamentada nos Evangelhos e na vida, recordou também sua trajetória pessoal na atuação social pela questão agrária, a crise do capitalismo e como isso afeta nossas vidas. Foram lembrados ainda Dom Ivo Lorscheider, padre João Schio e dom Paulo Moretto. A questão geradora foi a busca por pistas e estratégias de ação, a partir das reflexões e partindo de avaliações coletivas.

Frei Sérgio tocou nos temas internacionais da crise civilizatória, analisando-a a partir de cinco dimensões da crise: energética; ecológico-ambiental; sanitária; agroalimentar; e geopolítica. O debate pautou ainda os grandes desafios deste momento histórico no campo das esquerdas, das lutas e das construções dos movimentos populares.


Atividades realizadas em São Leopoldo serviram para apontar as prioridades para o próximo período / Corbari

A tarde, realizou-se trabalho em grupo para a avaliação da caminhada da CPT nesses últimos três anos, a partir da leitura e diálogo das linhas prioritárias da Assembleia Nacional e atuação da CPT. Foram levantadas também ações e prioridades para o próximo triênio. A partir da mediação de Valéria Pereira, coordenadora nacional da CPT, e das prioridades estabelecidas na Assembleia Nacional da Pastoral, a CPT-RS foi desafiada a trabalhar em unidade diante da grande diversidade que forma a Pastoral em nível nacional e regional. 

A seguir, trabalhou-se em grupo para a elaboração das diretrizes para o regional no triênio, que serão posteriormente desenvolvidas pelas equipes. Houve elaboração das novas prioridades, que serão dialogadas e reestruturadas pela nova coordenação. 

Na manhã do dia 5, tratou-se do tema das eleições, a partir do encontro com o estatuto, leitura e discernimento, com o diálogo entre as equipes, e encaminhamentos para a eleição da CPT. A nova Coordenação Colegiada conta com Luiz Antônio, Maurício Queiroz e Norma Knob; na suplência ficaram Inês Crestani, Wilson Dallagnol e Andrei Thomaz. O Conselho Fiscal ficou formado por Oldi Helena, Adelar Zanetti e Arnildo Fritzen.

Grupo definiu prioridades para o próximo período

No debate a respeito das prioridades de trabalho, o primeiro ponto destacado foi o tema “terra e território, água, alimento, sociobiodiversidade”: Priorizar a Missão Sementes da Solidariedade, no cuidado com os atingidos climáticos; Trabalhar para a consciência da Terra como bem comum, atuando pela autonomia da agricultura ecológica e pelo cuidado com as sementes crioulas; Fortalecer as políticas públicas para a agricultura camponesa; Ampliar a Campanha Contra a Violência no Campo, sistematizando os Registros dos Conflitos no Campo no regional.

A segunda prioridade apontada trata do tema da “Organização e articulação das Mulheres e Juventudes”: Dar continuidade a articulação das mulheres da CPT-RS e fortalecer as campanhas de combate à violência de gênero; Promover a formação da juventude, em parceria com as pastorais e movimentos populares, tendo em vista o bem viver na vida camponesa, a exemplo do trabalho da EJR.

A terceira prioridade é voltada a “formação para camponeses e camponesas, comunidades e agentes”: Intensificar a formação de agentes da CPT, de acordo com o plano nacional de formação, tendo em vista o autocuidado, o cuidado coletivo, as terapias integradas e a proteção integral e comunitária; motivar encontros da grande região Sul presenciais e virtuais, pensando estrategicamente a participação no Congresso da CPT e o fortalecimento da organização dos regionais; seguir a integração da CPT com os movimentos populares e as juventudes.

O quarto ponto prioritário é o “Fortalecimento Pastoral e Institucional”: Fortalecer o trabalho e as equipes da CPT e, no contexto do Jubileu de 50 anos, atualizar e produzir materiais formativos para a organização de novas equipes; Priorizar a Romaria da Terra, significando seu valor e sua autonomia; Estudar, aprofundar e aplicar o código de ética da CPT; Trabalhar pelo cuidado do acervo da CPT-RS, alocado no Cepa.

Da Redação