Debate do Flow é o que mais discute propostas, mas termina em expulsão de Marçal e agressão
Brasil de Fato
*Texto atualizado às 8h em 24 de setembro
A expectativa de que o formato do debate realizado pelo Grupo Flow, nesta segunda-feira (23), favorecesse a apresentação de propostas pelos candidatos foi cumprida na primeira rodada de perguntas. Com receio de que novas agressões pudessem ocorrer entre os participantes, o modelo adotado pela organização buscou impedir o confronto direto entre os prefeitáveis.
O formato, no entanto, não impediu que Pablo Marçal (PRTB) atacasse verbalmente Ricardo Nunes (MDB), chamando o atual prefeito de “bananinha” e prometendo prendê-lo se for eleito, o que provocou a expulsão do ex-coach. A eliminação ocorreu no momento das considerações finais.
Pelas regras do debate, estavam vetados insultos, ofensas, xingamentos e uso de apelidos pejorativos, e o participante que infringisse alguma das regras receberia advertências, sendo retirado se acumulasse três delas.
Fora da arena de discussão, uma nova agressão marcou o encontro entre prefeitáveis. Um assessor de Pablo Marçal deu um soco no rosto do marqueteiro de Nunes, Duda Lima, que deixou o estúdio ensanguentado.
Nahuel Medin, integrante da equipe do ex-coach, tentava filmar a expulsão de Marçal com um celular, quando o marqueteiro de Nunes teria pedido licença para o rapaz e levado o soco. Nas redes sociais, mais tarde, Medina disse que apenas “se defendeu instintivamente”.
Formato evita embate entre candidatos
As perguntas foram feitas por especialistas, que abordaram seis temas: educação, saúde, população em situação de rua, transporte, segurança pública e acessibilidade. Seguindo o mesmo modelo, as questões dos blocos seguintes foram feitas por eleitores, população jovem e internautas. A mediação foi feita pelo jornalista Carlos Tramontina.
O sorteio entre os candidatos, para saber quem responderia e quem comentaria, também não contribuiu para questionamentos mais duros, tendo em vista que as duplas sorteadas tinham maior aproximação no espectro ideológico: Marina Helena (Novo) e Pablo Marçal (PRTB) compartilharam o púlpito por duas vezes e usaram a oportunidade para fazer críticas ao governo federal quando o tema foi saúde.
O mesmo ocorreu com Tabata Amaral (PSB), Guilherme Boulos (Psol) e José Luiz Datena (PSDB), que manifestaram concordâncias nas soluções apresentadas para problemas como população em situação de rua e segurança pública.
Egressos do sistema prisional
Ao responder à pergunta do jornalista Bruno Paes Manso, especialista em segurança pública, Boulos destacou a importância de criar políticas para egressos do sistema prisional, citando a medida como parte das soluções para a região da Cracolândia. “É muito importante separar usuário de traficante no caso dos dependentes químicos, no caso das pessoas que vêm do sistema prisional, ter uma política de inclusão que envolva educação, cultura, que envolva trabalho e recuperação da saúde mental.”
No comentário à mesma questão, Tabata Amaral apresentou como solução o programa Capacitaí, que propõe formar jovens em tecnologia para contratação pelas big techs instaladas na capital paulista. “O Google, a Microsoft, a Amazon, está todo mundo aqui. E o próprio Google vem apontando que nessa área a gente tem inúmeras vagas, milhares de vagas que continuam em aberto, porque em São Paulo a gente não tem pessoas formadas, preparadas para essa área.”
Ela reforçou a escola em tempo integral como uma medida necessária para redução do homicídio entre jovens. “Esse é meu principal objetivo na educação, garantir que 100% das crianças vão estar na escola o dia todo, fazendo robótica, inglês, teatro, balé, judô, é uma segurança para a mãe que trabalha tranquila”, propõe.
Educação
Ricardo Nunes (MDB) foi mais confrontado ao ter que responder, por exemplo, porque São Paulo ficou abaixo da média nacional e estadual no percentual de crianças alfabetizadas, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A especialista Tereza Perez, da organização não governamental Roda Educativa, apontou que apenas 38% das crianças chegaram ao final do segundo ano sabendo ler e escrever, ficando abaixo da média estadual, que foi 52%, e da nacional, que foi de 56%.
Novamente Nunes responsabilizou a pandemia de covid-19 para problemas na educação e apresentou dados diferentes da base do Inep. “A Provinha São Paulo aqui nos deu 89% das nossas crianças alfabetizadas. E nós estamos com toda a base para que a gente tenha, nos próximos anos, o atingimento de 100% das nossas crianças alfabetizadas.”
Para Tabata Amaral, a pandemia não pode ser desculpa, pois “o Brasil conseguiu se recuperar e São Paulo ficou para trás”.