Belo Horizonte tem grande número de indecisos e chance da esquerda em 2º turno é pequena, diz analista
Brasil de Fato
A mais recente pesquisa Datafolha sobre a corrida eleitoral para a prefeitura de Belo Horizonte (MG), divulgada nesta quinta-feira (3), aponta para um empate triplo entre os candidatos Mauro Tramonte (Republicanos), Fuad Noman (PSD), atual prefeito, e Bruno Engler (PL), todos com 21%.
Com o cenário embolado, é impossível cravar quem vai avançar para o segundo turno das eleições após a votação de domingo (6). A dúvida aumenta se forem considerados outros levantamentos a respeito da disputa na capital mineira.
Enquanto a última pesquisa Quaest, divulgada na segunda (30), apontou Tramonte em primeiro, com 27% das intenções de voto, à frente de Engler (21%) e Noman (20%), a AtlasIntel, divulgada no mesmo dia, apontou o mesmo candidato do Republicanos em 4º lugar.
Segundo essa AtlasIntel, Engler está em primeiro com 26%, seguido por Noman e Gabriel (MDB), com 15,8%, e Tramonte, com 15,3%. Duda Salabert (PDT) e Rogério Correia (PDT) aparecem logo atrás, com porcentagem próximas: 12,3% e 11,9%, respectivamente.
Para Rubens Goyatá Campante, doutor em sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a divergência das pesquisas e disputa acirrada pode ser explicada por um alto número de indecisos a poucos dias da eleição.
“Acho que tem dois fatores para isso. Primeiro é que é uma eleição com um alto grau de indecisão, de indefinição. O número de eleitores que não estão com voto consolidado ainda é alto. A gente mensura o voto consolidado principalmente quando compara aquele voto na pesquisa estimulada (quando o entrevistador lê os os nomes [e pergunta] quem desses aqui você votaria) com a pesquisa espontânea, que a pessoa já pega e fala [o nome do candidato], sem o entrevistador ler”, explica.
Também pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros da UFMG, Goyatá observa ainda que pesquisas erram, como aconteceu em outras eleições.
“Não estou aqui fazendo nenhum julgamento dos institutos de pesquisa, mas vamos lembrar um fato. Em 2022, os institutos de pesquisa erraram bastante. No primeiro turno, por exemplo, quase todos erraram a votação que o Bolsonaro teve. Houve muitos erros dos institutos. Eu acho que eles estão com a certa dificuldade em captar os movimentos, as flutuações, as oscilações da opinião pública e do eleitorado, muitas vezes, rápidas e mais ou menos ocultas”, pontua.
O pesquisador analisa ainda o desempenho das candidaturas de esquerda em BH. Com muitos indecisos, ele diz que até pode haver surpresas, mas é muito difícil um nome conseguir ir para o segundo turno. O cenário é influenciado pelas últimas eleições.
“Belo Horizonte já teve vários prefeitos de esquerda, mas ultimamente pendeu pra direita. Aqui conta com alguns cabos eleitorais, nomes fortes da direita, como o governador [Romeu] Zema [do Novo], o deputado Nikolas Ferreira [PL], que são cabos eleitorais fortes. Então, esse predomínio da direita, pode-se dizer da extrema direita aqui em Belo Horizonte, não diria de predomínio, mas essa presença forte, ela não se deve somente ao Bolsonaro.”
“Eu acho que pode haver surpresas, porque o número de indecisos é grande, o voto consolidado não é tão grande, e as pesquisas têm errado, mas a possibilidade de um nome de esquerda para o segundo turno é pequena. Eu não ousaria cravar que é nula, mas eu acho que é pequena”, acredita.
A entrevista completa está disponível na edição desta quinta-feira (3) do Central do Brasil, no canal do Brasil de Fato no YouTube.
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O Central do Brasil é uma produção do Brasil de Fato. O programa é exibido de segunda a sexta-feira, ao vivo, às 13h, pela Rede TVT e por emissoras parceiras.