Municípios comandados por partidos do centrão somam área maior que a Argentina; 92% estão na Amazônia Legal

Brasil de Fato

Dos cem maiores municípios do Brasil, 89 são comandados por partidos ligados ao centrão. Juntos, eles dominam uma área superior à da Argentina. União Brasil lidera a lista, com 34 municípios, seguido pelo MDB, com 29. Juntos, os cem maiores municípios correspondem a 37% do território nacional.

Os dados são do dossiê Os Gigantes, publicado pelo observatório De Olho nos Ruralistas (clique aqui para baixar), que analisa ações ambientais nos cem maiores municípios do país e conta quem são os políticos e partidos que governam esses territórios. O dossiê tem como proposta ressaltar a relevância das políticas municipais no debate sobre meio ambiente e crise climática.

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De acordo com Bruno Bassi, coordenador de pesquisa do De Olho nos Ruralistas, o relatório propõe uma análise geográfica para as eleições municipais e “aporta uma visão mais abrangente para entender esses municípios, que têm uma importância planetária devido ao seu impacto climático, em relação à preservação de florestas, às áreas verdes e áreas de proteção ambiental existentes neles”.

Apelidado de Centrão em virtude do fisiologismo e da capacidade de manter alianças com governos de diferentes matizes ideológicos — de Dilma Rousseff a Michel Temer, de Bolsonaro a Lula —, esse bloco é composto por partidos como PP, PSD, Republicanos, Solidariedade, PTB e Podemos. O regime de alianças funciona de forma diferente nas eleições locais, a ponto de os rivais PT e PL dividirem palanque em 85 municípios da lista. Mas é comum que esses partidos atuem em coligação uns com os outros.

À frente do governo federal, o PT comanda apenas dois dos gigantes. Em Ribas do Rio Pardo (MS), o prefeito João Alfredo disputa a reeleição alternando entre a promoção da agricultura familiar e o apoio à monocultura de eucalipto. “Dono de uma fazenda arrendada para produção da árvore, ele foi o principal articulador para a instalação no município da maior fábrica de celulose do mundo, pela Suzano, com capacidade de produzir 2,55 milhões de toneladas ao ano”, informa o relatório.

Na outra ponta do país e lar da segunda maior população indígena do Brasil, com 48.256 habitantes, São Gabriel da Cachoeira (AM) não contará mais com o prefeito Clóvis Curubão, da etnia Tariano, que encerra seu segundo mandato. Para a sucessão, ele apoia seu sobrinho Egmar Curubinha (PT).

O PL de Jair Bolsonaro tem apenas uma prefeita: Dona Nega, em Mucajaí (RR).

Da Redação