MP venezuelano ratifica pedido de prisão de González após defesa apresentar carta de justificativa

Brasil de Fato

O Ministério Público da Venezuela ratificou nesta quinta-feira (5) o pedido de prisão contra o ex-candidato opositor Edmundo González Urrutia, investigado por “desobediência às leis”, “conspiração”, “usurpação de funções” e “sabotagem”.

O foco da investigação é a participação de González na criação do site que a oposição alimentou com supostas atas de votação após as eleições presidenciais do dia 28 de julho, as quais, segundo a extrema direita, provariam uma suposta vitória do ex-candidato.

Nesta quarta-feira, o advogado do opositor, José Vicente Haro, se reuniu com o procurador-geral da República da Venezuela, Tarek William Saab, a quem entregou uma carta para justificar a ausência de González nas audiências às quais foi convocado pela Justiça.

No documento, o ex-candidato indicou que seu “comparecimento só poderia contribuir para intensificar ainda mais a tensão social, além de consolidar um contexto de judicialização incriminatória da política que todos devemos rejeitar”.

Após o encontro, em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, Saab confirmou a manutenção do pedido de prisão de González, que já foi aceito pela Justiça.

“O Ministério Público ratifica a citação ou a ordem de prisão em curso contra o senhor González Urrutia para ser entrevistado e reafirma que ele está sendo procurado, devendo se apresentar e se colocar à disposição da Justiça”, disse o procurador-geral. “Ele se declara juiz, faz justiça com as próprias mãos e afirma que é inocente. E o mais grave é que anuncia que vai continuar desacatando”, criticou Saab.

O pedido de prisão emitido pelo MP veio após Edmundo ter faltado a três intimações seguidas da Justiça. Ele foi convocado para prestar esclarecimentos sobre as eleições nos dias 26, 27 e 30 de agosto, mas não se apresentou em nenhuma das ocasiões.

A convocação foi feita para que González explicasse a divulgação de cerca de 25 mil supostas atas eleitorais de maneira independente e paralela feita pela coalizão opositora em sites particulares. Em uma das páginas, o usuário digitava o seu documento de identidade e aparecia supostamente a ata eleitoral da mesa que aquele usuário votou. Em outra, havia um compilado com os dados de todas as supostas atas que a oposição afirma ter.

González, no entanto, nunca apresentou esses documentos à Suprema Corte quando foi convidado pelo Tribunal a participar do processo de investigação das eleições. O Supremo, por fim, validou os resultados apresentados pelo CNE e confirmou a reeleição do presidente Nicolás Maduro.

A ex-deputada ultraliberal e líder da extrema direita venezuelana, María Corina Machado, contestou a decisão da Justiça. Ela voltou a classificar Edmundo como “presidente eleito” e disse que a decisão é uma “ameaça” ao ex-candidato.

Da Redação