Polícia Civil abre inquérito para apurar cadeirada de Datena em Marçal

Brasil de Fato

O episódio de violência ocorrido no debate da TV Cultura com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, na noite de domingo (15), virou caso de polícia. Nesta segunda-feira (16), foi aberto inquérito, pela Polícia Civil, para apurar os crimes de lesão corporal e injúria depois que José Luiz Datena (PSDB) agrediu Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeira, durante a transmissão ao vivo.  

Marçal fez corpo de delito logo após o ocorrido e seguiu para o hospital Sírio Libanês, onde passou a noite. Ele teve alta na tarde desta segunda. De acordo com boletim médico divulgado pelo hospital, o candidato teve um “traumatismo na região do tórax à direita e em punho direito”, devendo usar tipoia e tala no punho direito.  

Enquanto estava internado, Marçal produziu diversos conteúdos para suas redes sociais. Em um deles, reproduz nota divulgada por Datena e volta a se referir ao tucano como “jack”, gíria usada por presidiários para identificar acusados de estupro. Ainda no hospital, o coach enviou uma mensagem ao apresentador: “Você quebrou a minha costela, cara”, escreveu, sem resposta do tucano.  

Os advogados de Datena anunciaram que entrarão com uma representação na esfera criminal contra Marçal por calúnia e difamação. Durante o debate, o candidato do PRTB teria usado palavras ofensivas para se referir ao tucano. Além da representação criminal, também devem ser tomadas medidas no âmbito da Justiça Eleitoral, segundo a defesa do candidato do PSDB.  

Mais cedo, a assessoria do tucano divulgou nota em que descarta deixar a corrida eleitoral. No comunicado, o candidato afirma não ter se arrependido do ato, e que espera “ter lavado a alma de milhões de pessoas”.  

Em entrevista ao Brasil de Fato, a cientista política Vera Chaia disse que a reação do tucano era previsível diante das provocações do opositor. “O Marçal entrou para desestruturar o debate e as candidaturas. Ele veio para impor uma dinâmica de atuação, que funciona nas redes dele, para dentro da eleição”, explicou.

“É uma postura de complementação ao bolsonarismo e ele tem irritado a todos, pois não permite o debate sobre política, ele interdita esse debate. O Datena já quase o tinha agredido em outro debate e o Boulos quase deu um tapa no Marçal.”

Caso seja configurada lesão corporal grave, o artigo 149 do Código Penal prevê pena de um a cinco anos de prisão. Já a lesão corporal leve tem pena de três a 15 meses de reclusão. Não sendo graves as lesões, o juiz pode substituir a pena de detenção por multa, segundo a lei. Em casos de lesão praticada após provocação da vítima, o juiz ainda pode reduzir a pena do acusado.  

Na esfera eleitoral, Marçal anunciou que entrará com um pedido para cassar a candidatura de Datena. No entanto, como o inquérito criminal não deve ser finalizado antes das eleições, é improvável haver alguma decisão por parte da Justiça Eleitoral sem uma eventual condenação do tucano.  

Em nota, a TV Cultura lamentou o ocorrido e afirmou que a emissora tomou todas as providências após a agressão, inclusive expulsando Datena do local e reunindo as equipes para decidir sobre a continuidade ou não do debate. 

Da Redação