Primeiro voo de repatriação de brasileiros no Líbano chega nesta sexta-feira (4) a Beirute 

Brasil de Fato

Os brasileiros que estão no Líbano começarão a ser repatriados ao Brasil a partir desta sexta-feira (4). O anúncio foi feito nesta quinta-feira (3) em coletiva de imprensa com ministros das Relações Exteriores (MRE), o embaixador Mauro Vieira, e da Defesa, José Múcio Monteiro, além do brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Força Aérea Brasileira (FAB).

O primeiro voo deve chegar em Beirute às 16h, hora local (10h no horário de Brasília). Serão 220 brasileiros e devem desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos na manhã do sábado, por volta das 8h.  

As autoridades haviam acabado de sair de uma reunião, em que discutiram os detalhes da operação, que terá ponto de partida a cidade de Lisboa, em Portugal, onde já se encontra uma aeronave da FAB. Segundo Vieira, todo o processo está sendo coordenado em conjunto com a Embaixada do Brasil em Beirute.  

Segundo o brigadeiro Damasceno, a FAB tem capacidade de realizar a repatriação de cerca de 500 pessoas por semana, e não estabelecerá o limite de viagens, para que todas as pessoas interessadas em retornar ao Brasil possam fazê-lo. Atualmente, cerca de 21 mil brasileiros vivem no Líbano, a maioria nas regiões do Vale do Bekaa e no sul da capital libanesa.  

Segundo o Itamaraty, os critérios para a priorização dos passageiros são, em primeiro lugar, brasileiros não residentes no Líbano, que estavam a passeio, depois os residentes. Também serão levados em conta as categorias prioritárias estabelecidas por lei, como crianças, idosos, gestantes e pessoas com deficiência ou enfermos. O chanceler brasileiro ainda afirmou que também será observado o critério econômico, ou seja, aquelas pessoas que possam sair do país com recursos próprios deverão fazê-lo.  

Segurança

Sobre a segurança da tripulação e dos passageiros, em meio aos bombardeios de Israel sobre diversas regiões do Líbano, Vieira afirmou que, desde os primeiros ataques, vem fazendo gestões junto à diplomacia de diversos países para garantir que a operação saia dentro do previsto, sem incidentes.  

“As garantias serão dadas pelas autoridades locais, o avião já está em Lisboa, à espera. Se houver algum episódio que não permita a aterrissagem, evidentemente terá que ser adiado. Mas isso será resultado dos constantes encontros, reuniões e consultas com as autoridades”, disse.

“Eu mesmo, em Nova York, na semana passada, acompanhando o presidente pela Assembleia da ONU [Organização das Nações Unidas], tive reuniões com o ministro do exterior do Líbano, depois do México, com um ministro do exterior de Portugal. Estive também com ministro das Relações Exteriores da Síria com todos eles eu tratei do tema. Também da Jordânia, com quem já tínhamos tratado anteriormente, e com todos avaliamos as possibilidades”, explicou o chanceler, que disse ainda que as condições serão reconfirmadas após o início de cada operação. Ele informou que alternativas de rota estão sendo avaliadas.  


Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro (à esquerda), chanceler Mauro Vieira (ao centro), e o brigadeiro Marcelo Damasceno, comandante da Aeronáutica (à direita), em coletiva de imprensa no Itamaraty, nesta quinta-feira (3) / Valter Campanato/ Agência Brasil

Mauro Vieira afirmou ainda a operação de resgate não anula todo o esforço que o governo brasileiro tem realizado no sentido de parar com as hostilidades, e que o presidente Lula esteve envolvido pessoalmente em conversas com lideranças estrangeiras em Nova York para buscar um cessar-fogo imediato nos conflitos do Oriente Médio.

“O Brasil não deixou de trabalhar nessa perspectiva [do cessar-fogo]. Há muito tempo, desde o início todo o conflito, ainda em Gaza, o Brasil teve uma posição muito positiva e muito forte e pública pedindo a cessação das hostilidades, a libertação dos reféns e, sobretudo, a entrada de auxílio humanitário, de forma que as pessoas pudessem ser, no menor prazo de tempo, evacuadas da região. Nós continuamos a fazer isso”, declarou.  

Já ministro da Defesa lembrou que, na próxima segunda-feira (7), completa um ano desde o início do atual conflito entre palestinos e israelenses na Faixa de Gaza. À época, uma operação similar conseguiu repatriar cerca de 1.600 pessoas. Monteiro tratou de afastar qualquer possibilidade de se confundir a operação de repatriação com a posição política do Brasil em relação ao conflito.  

“Essa é uma operação humanitária, nós estamos querendo salvar vidas, nós não estamos tomando nenhum posicionamento político. Estamos querendo trazer os brasileiros, quem está lá querendo sobreviver e voltar ao convívio de suas famílias”, afirmou o ministro.  

O conflito na região se agravou após a operação do grupo Hamas contra Israel no dia 7 de outubro de 2023, em resposta à permanente agressão israelense contra palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. Desde então, as forças de Israel realizam operações contra Gaza e ao Norte, contra o grupo Hezbolah, aliado do Hamas no Líbano.

No último dia 30 de setembro, as forças israelenses realizaram um ataque de grandes proporções ao território libanês, escalando ainda mais o conflito. Com o pretexto de eliminar membros do grupo Hezbolah, as forças israelenses assassinaram mais de 2 mil civis desde 30 de setembro, segundo o governo libanês. Em Gaza, o número de mortos passa dos 40 mil, dentre os quais, mais de 14 mil crianças.  

Da Redação