‘Foi um dos momentos mais emocionantes da minha carreira’, diz diplomata sobre repatriação de brasileiros do Líbano

Brasil de Fato

“Eu fiquei profundamente emocionada, tirei óculos para enxugar minhas lágrimas porque foi dos momentos mais emocionantes da minha carreira”, disse ao Brasil de Fato a diplomata Irene Vida Gala, subchefe do Escritório de Representação do Itamaraty em São Paulo, após acompanhar a chegada do segundo grupo de repatriados do Líbano  nesta terça-feira (8).

Trazidos por uma aeronave da Força Aérea Brasileira, eles desembarcaram no Aeroporto Internacional de Guarulhos às 6h58: um total de 227 pessoas, sendo 49 crianças, e três animais de estimação.  

“A gente tem um trabalho como diplomata que nos distancia das pessoas e ali foi um momento em que a gente vê como é importante o que estamos fazendo”, afirmou Gala, que ao longo de sua trajetória profissional, especializou-se nas relações brasileiras com países do continente africano, bem como na temática de gênero nas relações internacionais. Ela é a convidada do BdF Entrevista Internacional que vai ao ar no próximo dia 15 pela TVT.

“É emocionante ver como conseguimos prestar esse apoio, quando as pessoas desciam, a emoção delas, várias agradecendo, falavam obrigada para todo mundo que cruzava na pista do aeroporto, as crianças. Emocionante.”

Para receber os repatriados em Garulhos (SP), o governo brasileiro mobilizou representantes do Itamaraty, Ministério do Desenvolvimento, Ministério da Saúde, Polícia Federal e Receita Federal. No Líbano, o trabalho ficou todo a cargo do Ministério da Relações Exteriores por meio da embaixada brasileira no Líbano que articulou com a equipe de Brasília o embarque das famílias brasileiras.

O avião KC-30 decolou de Beirute, no Líbano, às 12h30 (no horário de Brasília) desta segunda-feira (7) e fez uma escala em Lisboa, em Portugal, para reabastecimento.  

“Pra mim foi uma dessas belas experiências que a carreira me permitiu e que eu fico muito orgulhosa do Brasil ser reconhecido, internacionalmente, pelos esforços de repatriação. No nosso avião no primeiro  dia tinha cidadãos uruguaios e hoje havia duas famílias de paraguaios. Então é esse Brasil grande que, na hora, faz a oferta para os vizinhos.” 

Há uma estimativa de que 21 mil brasileiros morem no Líbano, dos quais três mil já manifestaram o desejo de deixar o território em meio aos ataques do governo israelense na região. A maioria mora no Vale do Bekaa e na capital, Beirute, onde os ataques são intensos.   

“Esse foi o segundo dia, vão vir muitos mais. O governo disse que enquanto houver brasileiros querendo vir, nós vamos trazer. É uma diplomacia feita por pessoas que têm compromisso com outras pessoas, porque no nosso dia a dia a gente quer é bem servir o Brasil e os brasileiros e as brasileiras.”

A expectativa é que sejam repatriados 500 brasileiros por semana, de acordo com o comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, no âmbito da Operação Raízes do Cedro, coordenada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa.  

Da Redação