Saúde, cultura e diversidade: conheça as pautas da bancada de esquerda eleita em Belo Horizonte

Brasil de Fato

Com o fim do primeiro turno das eleições municipais, Belo Horizonte já tem definidos quais representantes ocuparão as 41 cadeiras da Câmara de Vereadores. Para exercer a legislatura de 2025 a 2028, a bancada de parlamentares da esquerda aumentou, chegando a nove candidatos eleitos, sendo seis da federação Brasil da Esperança, composta pelo PT, PV e PCdoB, e três do Psol. 

Entre os(as) vereadores(as) do campo da esquerda, alguns foram reeleitos para um segundo mandato, como Dr. Bruno Pedralva e Pedro Patrus, ambos do PT, e Iza Lourença e Cida Falabella, do Psol. 

Na disputa deste ano, Iza triplicou a quantidade de votos da eleição anterior e se consagrou como a terceira vereadora mais votada da cidade. Dr. Bruno Pedralva também triplicou a votação em relação ao ano de 2020.

Além disso, a esquerda emplacou novos nomes para a vereança e elegeu Pedro Rousseff (PT), Luiza Dulci (PT), Edmar Branco (PCdoB) e Juhlia Santos (Psol).

Conheça a bancada de esquerda 

Iza Lourença (Psol)

Nascida em 1993 e tendo crescido na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, Iza se apresenta como “uma mulher jovem, negra, mãe e bissexual, que, contrariando as estatísticas, esta vereadora de BH”. 

Reeleita em 2024 com 21485 votos, a vereadora foi a terceira parlamentar mais bem votada do município. 

Em seu primeiro mandato, Iza apresentou 36 projetos e teve 18 leis aprovadas. A vereadora iniciou seu caminho político na graduação em comunicação social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde atuou no Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Em 2019, foi eleita diretora de base do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG).

A vereadora tem como principais bandeiras os temas: oportunidades para a juventude, feminismo, antirracismo, respeito à diversidade, educação, mobilidade urbana, cultura e combate ao preconceito.

Pedro Rousseff (PT)

Crescido na região Oeste de Belo Horizonte, Pedro Rousseff é sobrinho neto da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Eleito aos 23 anos e formado em administração, ele tem como bandeiras de luta o enfrentamento à extrema direita em Minas Gerais, atuando nas áreas da cultura, lazer, educação e emprego. 

Como propostas, Pedro destaca, em suas redes sociais, aumentar o número de refeições oferecidas nas creches e escolas municipais, criar um programa de complementação de renda voltado para beneficiários do bolsa família em Belo Horizonte, além do passe livre e aumento da quantidade de ônibus na capital mineira. O novato foi eleito com 17 mil votos.

Wagner Ferreira (PV)

Eleito com 10963 votos, Wagner Ferreira também volta para um segundo mandato. O servidor público, que nasceu e cresceu no bairro Céu Azul, em Venda Nova, entrou na Câmara em 2023, após a saída de Duda Salabert, eleita deputada federal em 2022. 

Servidor público do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) há 22 anos e diretor licenciado do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (Sinjus-MG), o vereador tem como pautas principais a defesa do serviço público em Belo Horizonte, a melhoria da infraestrutura urbana e a preservação ambiental. 

Além disso, Wagner é um dos fundadores da ONG Associação Mais Justiça, que promove um cursinho preparatório para concursos e assistência jurídica gratuita no bairro Céu Azul, em Venda Nova. 

Bruno Pedralva (PT)

Outro vereador reeleito é o Dr. Bruno Pedralva, com 10870 votos. O médico é nascido no município de Pedralva, no Sul de Minas. A candidatura dele foi construída por movimentos populares, como o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento Brasil Popular, por servidores municipais e pelos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O vereador é formado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com residência em medicina da família e comunidade, mestrado em saúde pública e especialização em planejamento urbano e regional. 

Tendo atuado prioritariamente em defesa do SUS, integrou as instâncias de participação popular que tratam da formulação, execução, fiscalização e avaliação das políticas públicas da área. Foi presidente do Conselho Municipal de Saúde e diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel).

Em sua atuação parlamentar, buscou a defesa do SUS, dos servidores públicos de Belo Horizonte e o combate à crise climática.

Ele foi responsável por garantir, entre outras coisas, aparelhos de ar condicionado para todos os centros de saúde de BH, licença-maternidade a partir da alta hospitalar para servidoras mães de filhos prematuros, a defesa das serras do Curral e do Gandarela contra o avanço da mineração, e a proteção da Mata do Jardim América, ameaçada pela especulação imobiliária. 

Edmar Branco (PCdoB)

Também nascido no interior de Minas Gerais, no município de Bom Jesus do Galho, na região do Vale do Aço, Edmar Branco, do PCdoB, foi eleito com 9813 votos. Edmar iniciou sua militância política na Pastoral da Juventude (PJ). 

Servidor público estadual e líder comunitário, atuou em projetos socioeducativos como o “Fica Vivo” e o “Escola Aberta”, tendo se tornado referência na defesa da inclusão das áreas periféricas da cidade. Suas causas incluem a saúde, a educação e a criação de espaços de lazer e esporte.

Eleito pela primeira vez em 2016, Branco comandou a CPI das Águas e das Barragens. Porém, nas eleições de 2020, ainda que tenha ampliado sua votação, não conseguiu se reeleger. 

Luiza Dulci (PT)

Fundadora do movimento Bem Viver, que busca a construção de uma Belo Horizonte com mais desenvolvimento ambiental, social e econômico, Luiza Dulci (PT) foi eleita com 10169 votos. 

Economista e doutora em sociologia pela UFMG, a vereadora também carrega um sobrenome conhecido. É filha de Otávio Dulci, que foi professor da UFMG e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, e seu tio, Luiz Dulci, é ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência de Lula.

Luiza defende a economia do cuidado e uma política de defesa e de representação das mulheres, dos jovens e da comunidade LGBTI+. 

Sua principal bandeira é a retomada de políticas de combate à insegurança alimentar. Como propostas, ela levanta a questão da ampliação das cozinhas solidárias, a importância da compra de alimentos da agricultura familiar para merenda escolar e a garantia de um restaurante popular em cada regional de Belo Horizonte. 

Ela também se dispõe ao enfrentamento à crise climática e visa a garantia do trabalho digno e da construção da igualdade social.

Cida Falabella (Psol)

Atriz, diretora de teatro, professora e arte-educadora, Cida Falabella é formada em história e mestre em artes pela UFMG. Eleita pela primeira vez em 2016, Cida atua há 40 anos no campo das lutas culturais, tendo sido também conselheira municipal de cultura e de educação. Ela foi reeleita para o seu terceiro mandato, com 9530 votos. 

A parlamentar também tem entre as suas causas a educação infantil e a defesa dos direitos das mulheres, tendo criado leis que garantem moradia digna para mulheres em situação de violência e prioridade nas matrículas escolares de seus filhos. 

Falabella fez de Belo Horizonte a primeira capital do país a ter uma Lei Municipal de Cultura Viva, que garantiu R$2,5 milhões para os Pontos de Cultura da cidade.

Pedro Patrus (PT)

Formado em história, mestre em ciências sociais e especialista em políticas urbanas, em seus mandatos anteriores, Pedro Patrus se dedicou à defesa dos direitos humanos, à valorização das políticas de assistência social e à defesa dos direitos da população LGBTI+ e das pessoas em situação de rua. 

Além disso, o parlamentar luta por participação política popular, pela transparência na aplicação dos recursos públicos e no enfrentamento a ameaças autoritárias. 

Reeleito para o seu quarto mandato como vereador, Pedro Patrus recebeu 7675 votos na capital mineira. Ele é filho de Patrus Ananias, ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro do governo Dilma. 

Em seu novo mandato, ele pretende ampliar os espaços culturais nas regiões periféricas, vilas e favelas, defender a implementação do plano municipal de arborização, entre outras propostas. 

Juhlia Santos (Psol)

Primeira vereadora quilombola da história de Belo Horizonte, Juhlia Santos se elegeu com 6703 votos. Autodefinida em suas redes sociais como “quilombola e mulher travesti de tradição”, Juhlia é ativista política e recebeu o apoio de mulheres como Erika Hilton, Duda Salabert, Marina Silva e Célia Xacriabá.

Nascida em Contagem, Juhlia integra a comunidade quilombola Manzo Ngunzo Kaiango. Fundado na década de 70  pela mãe Mametu Muiandê, o quilombo urbano está localizado no bairro Santa Efigênia. A agora vereadora eleita tem trajetória na luta LGBTI+, em defesa da Serra do Curral e pelo reavivamento do carnaval de rua em Belo Horizonte.

Em sua campanha, Juhlia Santos elencou 11 planos centrais para o município: proteger a Serra do Curral; política para mulheres; combate à emergência climática; segurança territorial para os quilombos; garantia da liberdade religiosa; valorização da cultura e do carnaval de rua; proteção aos direitos LGBTI+; direito à cidade; bares abertos e; antirracismo.

 

Da Redação