Filme sobre influência de grandes corporações na produção de alimentos será lançado nesta quarta (16) no DF

Brasil de Fato

Nesta quarta-feira (16), a partir das 18h30, o Armazém do Campo-DF vai receber uma sessão especial de cinema para celebrar o Dia Mundial da Alimentação. Na ocasião, serão exibidos três curtas, dois deles inéditos. Após a exibição dos filmes, será realizado um debate sobre sistemas alimentares e captura corporativa, partindo da perspectiva do direito humano à alimentação e à nutrição adequadas. 

Para a mediadora do debate, Nayara Côrtes Rocha, secretária-geral da Organização pelo Direito Humano à Alimentação e à Nutrição Adequadas (Fian), a proposta do evento é utilizar diferentes linguagens para discutir o direito à alimentação.

“Esse sistema alimentar hegemônico é baseado no agronegócio, na produção de commodities em vez de comida de verdade, na destruição do planeta em vez de uma produção focada nas pessoas e na vida. O modelo de alimentação hegemônico não pensa em uma produção e modo de vida em harmonia com a natureza e com o planeta Terra”, destaca Nayara.

A nutricionista também conta que esse modelo vigente de alimentação gera violência no campo, o que deixa a sociedade cada vez mais sem soberania alimentar e com menos controle do que é consumido. Com isso, o evento é uma tentativa de mostrar, com produções audiovisuais, que o direito humano à alimentação é realizado ou violado a partir da forma que o sistema alimentar é organizado.

No debate também estarão presentes Elisabetta Recine, coordenadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Opsan) da Universidade de Brasília (UnB) e presidenta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), e Anderson Amaro, camponês, assistente social, historiador, dirigente da CLOC/Via Campesina Sudamérica e do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) Brasil.

Também devem estar na mesa Ana Maria Maya, nutricionista e mestre em Políticas Públicas em Saúde, especialista no Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec). Além de Pedro Biondi, jornalista e produtor editorial, assessor de Comunicação na Fian Brasil e um dos roteiristas e diretores de Quarteto Indigesto.

Dia Mundial da Alimentação

O 16 de outubro marca uma data que aponta para os desafios da produção e distribuição de alimentos saudáveis, no combate à fome e em defesa da soberania alimentar. Em 2023, 8,7 milhões de pessoas enfrentavam a insegurança alimentar e nutricional grave, ou seja, 4,1% da população brasileira, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC).

Na capital federal, 21% dos domicílios estavam em algum grau de insegurança, sendo 12,9% leve; 4,2% moderada; e 3,9% grave. Considerando os moradores, 76% se encontravam em segurança alimentar e 24% em algum grau de insegurança, sendo 15,42% leve; 4,56% moderada; e 4,59% grave. É como mostra o estudo “Segurança Alimentar no Distrito Federal: um panorama sociodemográfico”, divulgado em 2023 pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF).

Para Anderson Amaro, é importante lembrar o sentido das construções da soberania alimentar, em um momento que o Brasil e o mundo vivem um cenário de insegurança alimentar e da falta de priorização daqueles que necessitam de acesso à comida de verdade. 

“Estamos no processo de padronização da alimentação, em que muitas processados ganham relevância e há uma diminuição da diversidade do alimento para o ser humano”, diz o membro do MPA. “Precisamos garantir o direito básico a alimentação. Só vamos superaremos esse desafio se tivermos investimentos na agricultura familiar e camponesa na perspectiva de produção de alimentos saudáveis”, destaca.

Filmes exibidos

Hoje serão exibidos os documentários e filmes “O que se Vende, o que se Come: Desvendando a Publicidade de Alimentos” (2024), “Grão” (2020) e “Quarteto Indigesto – Nossa Comida nas Mãos de Gigantes” (2024), que abordam questões centrais sobre a indústria alimentícia e seus impactos na sociedade e na natureza.

O primeiro, produzido pelo Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), é um dos filmes inéditos que serão exibidos nesta tarde. O filme revela as estratégias agressivas utilizadas pelas indústrias de alimentos ultraprocessados para atrair consumidores, explorando como essas táticas influenciam nossos hábitos alimentares e colocam nossa saúde em risco. O documentário oferece uma análise crítica dos mecanismos de publicidade que moldam nossas escolhas e os efeitos desses produtos em nossas vidas.

Já o filme “Grão” (2020), dirigido por Adriana Miranda e produzido pela Mayu Filmes, adota um tom mais poético ao retratar a resistência de famílias no Mato Grosso contra o poder do agronegócio. O longa mostra como essas comunidades, ao adotar a agroecologia, enfrentam os impactos dos venenos agrícolas e a truculência do setor, enquanto encontram alternativas para uma alimentação saudável, trabalho coletivo e uma vida em harmonia com a terra.

Por sua vez, “Quarteto Indigesto – Nossa Comida nas Mãos de Gigantes” (2024) — também inédito — é uma animação criada pela Fian Brasil em parceria com os Zago Brothers. O filme utiliza a história em quadrinhos “A Captura Corporativa de Sistemas Alimentares” como base para discutir de forma lúdica e crítica a influência de grandes corporações como Big Agro, Big Food, Big Money e Big Tech na cadeia de produção, processamento e comercialização de alimentos.

Serviço

O que: Sessão especial no Armazém do Campo-DF com exibição de três curtas

Quando: Quarta-feira (16), a partir das 18h30

Onde: Armazém do Campo-DF, Edifício Denasa, SCS

Entrada gratuita

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Da Redação