Em depoimento ao STF, Chiquinho Brazão nega que tenha tratado de milícias quando atuava como vereador no Rio
Brasil de Fato
Em segundo capítulo de depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) disse, nesta terça-feira (22), que nunca teria se debruçado sobre denúncias relacionadas a milícias quando esteve à frente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Ele atuou na instituição por 14 anos, desde janeiro de 2005 até fevereiro de 2019, quando iniciou o mandato de deputado federal em Brasília. O parlamentar foi interrogado pelo STF no âmbito do processo penal em que é réu sob a acusação de estar entre os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol).
Ao longo do interrogatório, que começou na segunda (21), a atuação de Brazão na referida comissão foi um dos destaques. Isso acontece porque as investigações policiais apontam que o gatilho para o assassinato de Marielle teria sido a divergência da psolista em relação a uma proposta de lei apresentada por Brazão no colegiado para afrouxar regras para a ocupação do solo no Rio. Os dois conviviam na Câmara como vereadores.
“Nunca tratei e nunca quis tratar [de milícias]. Tenho família, tenho filhos que votam na região de Jacarepaguá, a minha família convive em Jacarepaguá. De caso de polícia eu nunca tratei. Sempre disse que caso de polícia é com a polícia. Eu não sei quem está trazendo a demanda, se é algum teste, se alguém está te avaliando, testando para ver. Eu nunca me interessei por esse tema, não quero saber o que é milícia, o que é tráfico. Não é comigo”, disse Brazão. A declaração veio após o deputado ser interrogado sobre o assunto pela advogada Maria Victoria Lenner, que defende Fernanda Chaves, assessora de Marielle e sobrevivente do atentado que vitimou a vereadora e o motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.
O parlamentar também disse não ter ligação com casos de grilagem na Zona Oeste do Rio, região que, segundo a Polícia Federal (PF), teria sido o alvo da disputa que motivou o crime. Chiquinho Brazão foi preso em março deste ano, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, após a evolução das investigações do caso Marielle. Por conta da denúncia que o envolve, ele enfrenta um processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, que aprovou sua cassação no final de agosto. O caso ainda precisa ser avaliado pelo plenário da Casa, ao qual cabe o julgamento político final.
No âmbito do processo judicial que envolve o caso Marielle, o STF agendou para esta semana também os depoimentos do delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e dos policiais militares Ronald Paulo Pereira e Robson Calixto Fonseca.