Manifestações contra Israel pipocam em Paris; Brasil fica sem medalhas nas Olimpíadas nesta segunda (29)
Brasil de Fato
Após uma cerimônia de abertura com poucas manifestações políticas, as participações de atletas israelenses nas Olimpíadas vêm levantando protestos – seja da torcida, seja de outros esportistas – em repúdio ao genocídio praticado por Israel na Faixa de Gaza desde outubro de 2023.
O caso mais emblemático até agora foi o do judoca Messaoud Redouane Dris, da Argélia, que não apareceu para lutar contra o israelense Tohar Butbul. A justificativa oficial apresentada pelo país foi a de que Dris havia ultrapassado em 400 gramas o peso máximo de sua categoria (até 73 kg).
O Comitê Olímpico Israelense, no entanto, se manifestou contra a postura do atleta argelino. “Achamos que esse tipo de comportamento não tem lugar no mundo do esporte”, declarou a entidade. A Federação Internacional de Judô (FIJ) disse que vai abrir uma investigação sobre o caso, já que há a suspeita que o peso não tenha sido batido propositalmente.
A Argélia está entre os 28 países que não reconhecem Israel oficialmente. O comitê olímpico do país não deu declarações oficiais sobre o caso.
O Irã, que tampouco reconhece Israel, foi mais contundente na crítica. Em uma publicação no X/Twitter, o Ministério das Relações Exteriores iraniano criticou a a participação de Israel nas Olimpíadas. “Eles não merecem estar presentes nas Olimpíadas de Paris por causa da guerra contra os inocentes de Gaza”, diz a postagem.
Announcing the reception & protection of the Apartheid & terrorist Zionist regime’s convoy only means giving legitimacy to the child killers.
They do not deserve to be present at the Paris Olympics because of the war against the innocent people of #Gaza.#BanIsraelFromOlympics pic.twitter.com/50aNULlhyC— Foreign Ministry, Islamic Republic of Iran 🇮🇷 (@IRIMFA_EN) July 23, 2024
Torcida também se manifesta
Em um vídeo que viralizou nas redes sociais nesta segunda-feira (29), um casal de israelenses aparece assediando um espectador não identificado – que vestia uma camiseta da seleção brasileira. Ele dava uma entrevista sobre o jogo entre Israel e Mali no futebol masculino, realizado no dia 24 de julho, quando foi interrompido por um casal que repetia “política não”. O torcedor tentou argumentar, dizendo que estava falando sobre futebol, mas seguiu sendo interrompido. Após a situação se estender por alguns segundos, ele reagiu e começou a entoar “Palestina livre”. O casal passou, então, a xingá-lo abertamente. Veja o vídeo abaixo.
“No politics here” 😂 pic.twitter.com/eB1qgBg8ob
— Frank (@forget_exit) July 27, 2024
Nas arquibancadas, também houve protesto. Durante o jogo da seleção israelense de futebol contra o Paraguai, no último sábado (27), um grupo de torcedores carregou bandeiras palestinas e estendeu uma faixa com os dizeres “Genocide Olympics” (“olimpíadas do genocídio”, em tradução livre). No dia seguinte, o Ministério Público francês anunciou que abrirá um inquérito para investigar “antissemitismo” por parte dos torcedores.
Sem medalhas para os brasileiros
As competições desta segunda-feira (29) não renderam medalhas para o Brasil. No judô, Rafaela Silva (-57kg), campeão olímpica nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016, foi derrotada na semifinal e, em seguida, na disputa pela medalha de bronze. Já Daniel Cargnin (-73kg), que foi bronze nas Olimpíadas de Tóquio, perdeu na primeira luta.
No skate street, Kelvin Hoefler conseguiu classificação para a final, mas terminou na sexta colocação em uma competição de altíssimo nível.
No surfe, Gabriel Medina protagonizou a manobra de maior nota já registrada em Olimpíadas, um 9,9. O momento garantiu sua classificação para as quartas-de-final da competição e também um dos registros fotográficos mais memoráveis dos jogos, de autoria do fotógrafo Jerome Brouillet, da AFP.
Também no surfe, Filipe Toledo não fez uma boa bateria e foi eliminado nas oitavas. Já João Chianca, o Chumbinho, travou uma das disputas mais emocionantes na modalidade até agora contra o marroquino Ramzi Boukhiam, com mudanças constantes na liderança do placar. O brasileiro venceu com 18,10, contra 17,80 do rival e carimbou um encontro brasileiro com Medina nas quartas. Com isso, o Brasil já garante um lugar nas semifinais da modalidade.
A competição feminina, que contaria com Tatiana Weston-Webb, Luana Silva e Tainá Hinckel, foi adiada por conta do maus tempo e deve acontecer nesta terça-feira (30).
Já no tênis, o Brasil ficou sem representantes em simple após a derrota de Beatriz Haddad Maia para a eslovaca Anna Karolina Schmiedlová. No entanto, ela vanceu seu jogo de duplas, em parceria com Luisa Stefani, contra a dupla chinesa Yue Yuan/Shuai Zhang. Elas estão nas oitavas-de-final da competição.
A dupla masculina Thiago Monteiro e Thiago Wild também venceu. Eles superaram os cazaques Aleksandr Nedovyesov e Alexander Bublik por 2 a 0 e também estão nas oitavas.