Lula discutirá ‘parceria estratégica de longo prazo’ com a China, indicando entrada na Nova Rota da Seda

Brasil de Fato

“Os chineses querem discutir conosco a Rota da Seda, nós vamos discutir a Rota da Seda”, reafirmou o presidente Lula nesta quarta-feira (14), em discurso realizado na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Lula alertou “se preparem (…), porque depois do G20 eu tenho uma bilateral aqui em Brasília com a China, é uma reunião em que a gente vai comemorar os 50 anos de relação diplomática, mas é uma reunião em que a gente vai discutir uma parceria estratégica com a China de longo prazo”.

“Nós queremos ser uma economia mais forte do jamais fomos, e nós precisamos procurar parceiros”, disse o presidente. 

Sobre a Nova Rota da Seda, ou Iniciativa do Cinturão e Rota, Lula afirmou, em linha com o que vinha dizendo anteriormente: “Nós não vamos fechar os olhos. Nós vamos dizer: ‘O que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho?. Essa é a discussão”.

Lula é o primeiro presidente a falar publicamente sobre a possibilidade. Desde sua visita a Pequim em 2023, pouco meses depois de ter tomado posse, um dos principais interesses do lado chinês é uma possível entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, ou Nova Rota da Seda, o projeto de cooperação da China que completou uma década em 2023, e conta com a adesão de mais de 150 países.

Diálogos sobre essa possibilidade já vêm acontecendo desde governos anteriores, mas sem avanços. Desta vez, com o motivo da data e a visita de Xi Jinping ao Brasil prevista para novembro, nos marcos da reunião do G20, a entrada começa a parecer iminente. 


As últimas visitas de Xi Jinping ao Brasil foram nos marcos de cúpulas dos Brics, na VI Cúpula, em 2014, sob governo de Dilma Roussef e na XI, em 2019. / Presidência da República

 
Troca de mensagens

Lula e Xi Jinping enviaram mensagens pelo cinquentenário do estabelecimento de relações diplomáticas entre ambos países nesta quinta-feira. Os laços Brasil-China são cada vez mais importantes para a construção da ordem multipolar, bem como uma governança global mais justa e eficaz, disse nesta quinta-feira (15), o presidente Lula em mensagem enviada a seu par Xi Jinping.
 
Lula também afirmou que desde o início do estabelecimento das relações em 1974, a cooperação se tornou cada vez mais diversificada. “Ao promover o desenvolvimento e a revitalização de suas respectivas nações, a China e o Brasil também desempenham papéis significativos na contribuição para a paz, estabilidade e prosperidade mundiais”, disse por sua vez Xi Jinping em mensagem enviada ao mandatário brasileiro.

Xi falou em aproveitar o aniversário para continuar alinhando as estratégias de desenvolvimento entre os dois países. Um dos consensos nos diálogos entre as duas partes, sob o governo Lula, é o de unir a iniciativa chinesa com o Novo PAC e o Nova Indústria Brasil.

No sétimo Seminário Teórico entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido Comunista da China (PCCh), realizado em abril, Xi Jinping, elogiou o Novo PAC e o programa Nova Indústria Brasil e disse que seu partido está disposto a aprofundar o intercâmbio e o aprendizado mútuo de experiências em governança estatal com o PT. 

Na mesma atividade, o diretor do Departamento Internacional do PCCh, Liu Jianchao, disse que as novas políticas do governo Lula e iniciativas chinesas como a Nova Rota da Seda são estratégias de desenvolvimento “altamente compatíveis”.

Preparativos

A vice-ministra das Relações Exteriores, Hua Chunying, esteve em Brasília e no Rio de Janeiro de 7 a 11 de agosto, após passagem pelo Uruguai, onde participou da reunião do Mecanismo de Diálogo entre Mercosul e China.

Na última visita de Lacalle Pou à China, em 2023, o presidente uruguaio assumiu o compromisso de promover o debate sobre um Tratado de Livre Comércio Mercosul-China.

No Brasil, Hua Chunying se reuniu com a secretária-geral, embaixadora Maria Laura da Rocha, e o secretário para Ásia e Pacífico, o embaixador Eduardo Saboia.

As reuniões foram para discutir, segundo o Itamaraty, temas da agenda bilateral e da presidência brasileira do G20, além de questões regionais e globais, assim como a comemoração dos 50 anos das relações diplomáticas.

Sobre as comemorações, na China já está confirmado um show de Gilberto Gil, para o dia 7 de outubro no Centro de Arte Oriental de Xangai, e um show em Pequim dos violinistas clássicos Fábio Zanon (Brasil) e Yang Xuefei (China).

Da Redação