Segundo turno em Goiânia é teste para Caiado, em duelo improvável com Bolsonaro

Brasil de Fato

A pesquisa da AtlasIntel da última terça-feira (15) mostra Sandro Mabel (UB) à frente, com 51,4% das intenções de voto na corrida eleitoral pela Prefeitura de Goiânia (GO), superando Fred Rodrigues (PL), que tem 45,3%.

O que a frieza dos números não mostram é a improvável rivalidade entre o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinhos das candidaturas de Mabel e Rodrigues, respectivamente.

Até meados de 2024, Caiado estava convencido a seguir o nome bolsonarista na corrida eleitoral pela Prefeitura de Goiânia, que seria o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), parlamentar de extrema direita com vínculos estreitos com Bolsonaro e que liderava todas as pesquisas de intenções de voto pelo governo local.

No dia 19 de junho deste ano, Gayer anunciou a retirada de sua candidatura, atendendo à ordem de Bolsonaro, que o considera fundamental para a extrema direita dentro do Congresso Nacional. Além disso, os bolsonaristas pensam em voos maiores para o deputado federal em 2026, como o Senado Federal ou o governo de Goiás.

Em seu lugar, Bolsonaro lançou Fred Rodrigues, ex-deputado estadual eleito em 2022, mas que teve seu mandato cassado por não apresentar prestação de contas de sua campanha em 2020, quando disputou a vaga de vereador em Goiânia. Um mês depois, em 15 de julho, Caiado anunciou a candidatura do empresário Sandro Mabel à Prefeitura da capital goiana.

Desde o princípio, Mabel figurou entre os três candidatos mais competitivos, alternando a liderança com Adriana Accorsi (PT) e Vanderlan Cardoso (PSD). Já Rodrigues sempre esteve atrás.

Para Pedro Célio Borges, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (UFG), “os bolsonaristas têm Goiânia como um quintal garantido do ponto de vista ideológico e eles têm toda a pretensão de transformar isso em voto”.

Por outro lado, analisa Borges, “o Caiado não tinha candidato e a ideia era que ele apoiasse o candidato da direita. Mas o Caiado saiu do roteiro porque tem pretensões de ser candidato à Presidência. Para isso, buscou um candidato próprio para mostrar força em casa. Caiado não combina com o bolsonarismo e esse jeito moleque de fazer política.”

A vitória nas urnas em Goiânia se tornou fundamental para as pretensões do governado de Goiás, que precisa provar que consegue vencer Bolsonaro dentro de sua casa, antes de pedir seu apoio para 2026.

Da Redação