MST inicia Encontro das Crianças Sem Terrinha do Paraná

Brasil de Fato

Neste mês de outubro é comemorado o Dia das Crianças e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza o 14º Encontro Estadual das Crianças Sem Terrinha a partir desta quarta-feira (23). O evento segue até a sexta-feira (25) e reúne cerca de 450 crianças de assentamentos e acampamentos em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). 

Esta edição terá caráter celebrativo aos 40 anos do MST. O objetivo é proporcionar um espaço para que as crianças Sem Terrinha compartilhem experiências, aprendam sobre seus direitos e fortaleçam o sentimento de pertencimento na luta por reforma agrária popular.

Jones Fernando, integrante da direção estadual do Setor de Educação do MST, comenta sobre este primeiro encontro presencial após a pandemia Covid-19: “É um ano de celebração pelos 40 anos do nosso movimento, e também pela retomada dos nossos encontros presenciais das jornadas estaduais Sem Terrinha […] Essa geração de crianças nunca participou de um encontro massivo como este, então elas estão super ansiosas aguardando esse momento”. 

O lema deste ano, “Brincar e Estudar fazendo História por Reforma Agrária Popular”, reflete uma pauta de reivindicações que será construída durante o encontro. Mais do que um evento recreativo, é um espaço de formação e interação social, que proporciona às crianças uma visão crítica sobre sua realidade e o papel que desempenham na luta por justiça social e igualdade no campo.

É uma ocasião em que crianças de assentamentos e acampamentos de todas as regiões do estado podem discutir temas que afetam diretamente suas vidas, como educação, meio ambiente, direitos infantis, cultura e alimentação. 

Confira a programação

A programação inclui debates, oficinas, apresentações culturais e momentos de lazer. As atividades começaram na manhã desta quarta-feira (23), com uma mística apresentada pelas crianças da escola Herdeiros do Saber, do acampamento Maila Sabrina, localizado em Ortigueira, região Norte do estado. No período da manhã teve muita música e uma apresentação de circo da Trupe Bicho de Pé, formada por crianças do Colégio Estadual do Campo Maria Aparecida Rosignol Franciosi e Escola Municipal do Campo Trabalho e Saber, do Assentamento Eli Vive, região Norte.

A programação segue durante todo o dia, com conversa com o Comitê de Cultura do Paraná sobre o Direito à Arte e à Cultura no Campo, estudos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e apresentações artísticas e culturais com o grupo “Vem bumbá, meu boi”, além de oficina de dança.

As crianças também vão se reunir para organizar a pauta de reivindicações para a audiência que ocorrerá na quinta-feira (24), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), a partir das 9h. 

Ainda na tarde de quinta-feira, os Sem Terrinha vão poder escolher entre mais de 20 oficinas de arte-educação, oferecidas por amigos e parceiros do MST. O encerramento do dia será com apresentação do grupo Maracatu Aroeira e noite cultural com apresentações das próprias crianças.

Na sexta-feira (25), o dia começa com uma comemoração pelos 40 anos do MST, com a partilha de um bolo e apresentações artísticas de “O circo é nosso” com Luz e Ronaldo. Para finalizar, haverá uma visita ao Zoológico de Curitiba.

A importância do encontro para as crianças Sem Terrinha

O Encontro dos Sem Terrinha é mais do que uma oportunidade de convívio entre crianças de diferentes assentamentos e acampamentos, ele desempenha um papel fundamental na construção da identidade dos pequenos dentro do movimento. Para muitas dessas crianças, a participação no evento marca o início de sua conscientização política e de seu compromisso com as causas que envolvem a luta por reforma agrária e justiça social.

“Espero que seja um momento de muita diversão, aprendizados e muita coisa boa. O sem terrinha pra mim é um momento muito especial, porque conheço crianças de vários lugares que estarão lá para interagir e lutar por nossos direitos” diz Rafaela, de 9 anos, moradora do acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu e estudante da Escola Itinerante da comunidade.  

Da Redação